Por que clamas a Mim, Moisés?
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Por que clamas a Mim, Moisés?
A
indagação que ora se lê [por que clamas
a Mim? ou, por qual motivo clamas a mim] revela mais uma repreensão do que uma
simples pergunta direcionada a Moisés.
Não
foi sem motivo que O SENHOR questionou a Moisés, nem sem motivo que O SENHOR o
repreendeu.
Para
que isso possa ser entendido como este Mensageiro quer passá-lo, deve-se
entender que, em toda lida de Deus com o homem, Aquele não procurou outra coisa
senão revelar seu caráter, sua personalidade e, assim, sua vontade ao homem,
para que este O conhecesse e, conhecendo-O, agisse de acordo a sua vontade.
Na
origem de tudo, no Éden, tem-se que a queda do homem fez com que se caísse,
também, o conhecimento dO Nome de JEOVÁ e, por conseguinte, a sua invocação. Após
a morte de Abel, as pessoas não invocavam mais O NOME DO SENHOR, pois não havia
quem o apregoasse com verdade.
A
invocação dO Nome de JEOVÁ [ou JAVÉ] foi retomada apenas com o nascimento de
Enos [Gn 4.26b].
A
partir de então, O SENHOR começa a reconstruir, no homem, o conhecimento de seu
Nome. Para isso, levanta e vocaciona apregoadores que possam levar Seu Nome com
verdade, até que chegamos a Moisés. Como está escrito:
Aquele cujo braço glorioso Ele fez andar à mão direita de Moisés, que fendeu as águas diante deles, para fazer para si um nome eterno? [Is 63.12]
Assim,
O Nome de Deus é algo que o próprio Deus sempre fez questão de que o homem
conhecesse para, através do conhecimento
dO Nome dO SENHOR, se conhecesse o próprio Deus e se cumprisse sua Vontade.
Hoje,
em Jesus, as coisas, antes ocultas, nos foram reveladas pelo Espírito Santo de
Deus, o que nos permite ter uma visão mais holística da pessoa de Deus e,
principalmente de Sua Vontade. Porém, não era assim no princípio, pois os
homens de Deus tiveram que escrever em seus corpos a Palavra de Deus, fazendo
com que seus corpos servissem de pedras vivas para lavratura dO Nome de Deus.
Essa
tradição, passada de pai para filho, tendo como precursor Abel [ainda que Adão
tenha sido o primeiro], cujo sangue ainda fala [Hb 11.24 c/c 12.24], alcançou
um patamar distinto em Moisés, pois a este O SENHOR se revelou por Seu Nome,
o que não havia sido feito a nenhum outro Apregoador que o precedera [Ex 6.3].
Por que Clamas a Mim, Moisés?
Antes
de chegar ao ponto do “por que clamas a Mim?”, O SENHOR fez-se conhecido a
Moisés, não só através de seu Nome, como também, por sinais e maravilhas.
Deus
chamou Moisés para conduzir o povo israelita até à Terra Prometida e fazer herdá-la.
Para isso, Deus deu poderes a Moisés, para que este pudesse fazer o que fosse
necessário para cumprimento do objetivo.
Chegando-se,
porém, em Pi-Hiarote [beco-sem-saída] e vendo diante de si o mar e por detrás o
inimigo, Moisés e o povo se detém diante da situação e passam a gritar a Deus. Deus,
por outro lado, quer saber o motivo pelo qual Moisés está a clamar por socorro.
Hoje
sabemos que Aquele que começou a boa obra é fiel para aperfeiçoá-la. Porém,
naquele momento, naquele “Pi-hairote”, Moisés não conseguiu contemplar uma
saída que lhe desse escape dos inimigos. Diante do Pi-hairote, mar adiante e
inimigos por detrás, o coração do povo desmaiou, pelo que pararam de marchar, e
Moisés passou a clamar aO SENHOR.
Nesse
momento, Moisés se esquecera do encontro junto à sarça. Esqueceu-se de que O
SENHOR lhe tinha dado por Deus para seu irmão, Arão [Ex 4.16]. Também se
esquecera de que a vara era o instrumento dos sinais [Ex 4.17].
O
comportamento de Moisés diante do inimigo e da barreira física foi de inércia.
Ele confiou em Deus, mas sua confiança não foi acompanhada de ação. Moisés
exorta o povo a não temer, mas diz: “ficai quietos e vede o livramento dO
SENHOR [...]”.
Irmãos!,
quando não sabemos o que fazer, devemos fazer o que sabemos fazer. Moisés sabia
que Deus o livraria, mas não sabia como, por isso começou a clamar a Deus. Deus
então o repreende:
Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem.
E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco.
O
“por que clamas a Mim” significa: por qual motivo clamas a Mim. Apesar
de parecer contraditório, pois Deus mesmo havia determinado que o povo
acampasse em Pi-Hairote e esperasse a chegada de Faraó. Mas, ao mesmo tempo que
Deus manda que tomemos uma atitude, ele espera uma atitude assertiva diante do
agravamento da situação.
Assim,
diante de tudo que Deus já tinha feito por meio de Moisés, libertando o povo
israelita; fazendo com que as pragas se pegassem aos egípcios, mas não aos
israelitas, Ele não iria, agora, abandonar seu povo.
É
como está escrito:
Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? [Rm 8.32]
Assim,
aquele que crê em Deus não pode ter sua alma em suspense todas as vezes que lhe
sobrevier um contratempo, pois Deus não age em contradição, como está escrito:
[...] não disse à descendência de Jacó: Buscai-me em vão [...] [Is 45.19]
Ou
seja, Deus não determinou que o seu povo saísse do deserto sem ter condição de
garantir-lhe o cumprimento da jornada.
Para
esclarecer o que estou dizendo, vou me valer de um princípio da ciência
jurídica. Dentro do Direito existe, já reconhecido, o princípio do Venire
Contra Factum Proprium, cujo valor transmite uma vedação ao comportamento
contraditório, inesperado, que causa surpresa na outra parte,
pois tem como base de orientação outro princípio, o da BOA-FÉ.
Venire
Contra Factum Proprium é a vedação ao
agir de forma contraditória. Ora, se ambas as partes, neste caso, Deus e
seu povo, estão agindo de boa-fé, o que se espera é um fim proveitoso.
Se,
de modo lúdico, pudermos compreender este princípio dentro do caráter de Deus, saberemos
que Deus não age de modo contraditório, inesperado, para contrariar aquilo que
é do seu caráter, imutável.
Assim,
Deus não falou em vão aos seus mensageiros, nem nunca desamparou um de seus
pequeninos, por isso mesmo deve-se agir de acordo a seu caráter, mas isso só
ocorre se o conhecermos.
Por Que estás Prostrado Assim?
Abordagem
semelhante a do “por que clamas a Mim” feita a Moisés foi outra feita por Deus
a Josué, filho de Num, quando do anátema de Acã.
A Bíblia
diz que, diante da fuga de Israel de diante do exército de Ai, Josué se
prostra, com os Anciãos, e começam a pergunta a Deus o porquê do desamparo e da
perda da batalha para um exército relativamente insignificante. Josué pergunta
a Deus o porquê Ele tinha abandonado o seu povo para ser derrotado.
Deus,
como alguém que não estava entendendo o que se passava, questiona a Josué o
motivo que o levou a estar prostrado daquele jeito [coberto de cinza e com a
cara no pó]. Isso porque um líder em sintonia perfeita à vontade de Deus
entenderia, desde logo, que tal se dera por algo de errado no povo e não por
uma atitude contraditória da parte de Deus; pouparia, assim, a angústia da
oração suplicativa e passaria logo à investigação.
Por
não ter, ainda, tal sensibilidade, Josué se prostrou, quase que como condenando
a Deus pela derrota sofrida.
Da
mesma forma como repreendeu a Moisés, Deus repreende a Josué, mandando-o que se
levantasse, como está escrito:
Então disse o Senhor a Josué: LEVANTA-TE; por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? [Js 7.10]
LEVANTA-TE! POR QUE ESTÁS PROSTADO ASSIM...?
A
pergunta por que "estás prostrado assim sobre o teu rosto?" mostra que Josué
estava procedendo de forma equivocada, sem sentido, pois não tinha razão para
estar ali questionando a Deus o motivo da derrota para o exército de Ai.
Por
outro lado, como que já devendo saber que havia algo de errado com o povo, pois
Deus não é Deus de contradição, visto que não tiraria Israel do Egito para
morrer no meio da jornada. Josué, então, como líder do povo de Deus, deveria
saber que algo de errado havia no meio do povo e proceder à investigação.
A Sintonia para com Deus
A
pessoa que anda em sintonia com Deus não O fica indagando sobre todas as coisas
que se lhe apresentam, mas, quando uma situação se lhe apresenta, ela age de
acordo ao que já tenha aprendido de Deus.
Esse
entendimento afinado a Deus também importa para o desenvolvimento do ministério
ora imputado a alguém, diferenciando um Ministério Passivo de um Ministério
Ativo.
Falando às Circunstância
Jesus
veio mostrar o modelo de serviço que Deus espera de nós. Jesus conhecia o Pai e
veio-nos revelá-Lo. Jesus conhecia o caráter e a personalidade de Seu Pai,
portanto, conhecia a vontade dEle. Esse conhecimento permitia que Jesus agisse
direcionado às circunstâncias e não voltado, simplesmente, ao Pai.
Poucas
vezes veremos Jesus pedindo ao Pai alguma coisa. Geralmente as orações de Jesus
era voltada a agradecer, porém, quando se desenhava alguma situação adversa,
prontamente Jesus lhes punha em ordem: fosse escassez, turbulência, doença,
possessão maligna etc.
Esse
modelo de se falar às circunstâncias [oração ordenatória], declarando,
profetizando ou ordenando, só é feita por aquele que está em Deus e conhece perfeitamente
sua vontade. Como diz:
[...] para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. [Rm 12.2]
Diante
da dificuldade nosso Senhor Jesus não se prostava para suplicar a Deus. Se
Jesus tivesse que chegar a algum lugar e algo se lhe opusesse, Ele falava às
circunstâncias e estas se lhe dobravam: A ausência de barco não fora
impedimento para Jesus atravessar o rio; a revolta do vento e do mar, não fora
impedimento para Jesus descansar etc.
É
nesse tom que Jesus nos ensina o seguinte:
Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te, e precipita-te no mar, assim será feito. [Mt 21.21]
Também
é isso que O SENHOR ensina a Ezequiel quando da visão do vale de ossos secos. O
SENHOR convida Ezequiel a PROFETIZAR, a declarar sobre as
circunstâncias. Não se trata de simplesmente orar a Deus para que Deus
responda, trata-se de se estar em Deus e, por se estar em Deus, declarar em O
SEU NOME.
Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai; Pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes, e crestes que saí de Deus. [Jo 16.26-27]
Esse
modelo de oração [Falando às Circunstâncias] fora exercida por Elias,
por exemplo, quando mandou descer fogo do céu [2Rs 1.10]. Porém foi exercido em
maior escala por Eliseu: quando amaldiçoou os homens pequenos [2Rs 2.24],
também, quando declarou fecundidade sobre a mulher de Suném [2Rs 4.16]; quando
fez o martelo flutuar [2Rs 6.6]; ou quando fez o rio Jordão se abrir, copiando
seu pai Elias [2Rs 2.14]; ou quando cegou o exército da Síria [2 Rs 6.18]; ou
quando solucionou o problema da viúva, multiplicando-lhe o azeite [2Rs 4.2];
etc.
Não
só eles, como também Samuel, Isaías e tantos outros.
Também
os discípulos declararam diretamente às circunstâncias, sem se direcionar a
Deus, especificamente: Pedro, quando do caso de Ananias e Safira, também nos
milagres de cura. Paulo, quando feriu de cegueira a Elimas ou quando expulsou o
espírito de adivinhação que atormenta certa jovem em Filipos.
Conclusão
Assim,
entendemos que Deus nos deu poder para falar às coisas e circunstâncias e elas
se nos sujeitariam. Portanto, entendamos os momentos que se levantam para se
nos opor e declaremos o Nome de Jesus sobre eles e prevaleceremos.
A
oração daquele que desconhece a vontade de Deus reveste-se de desespero,
angústia e muito sofrimento, mas os que esperam nO SENHOR renovarão as suas
forças; os que confiam nO SENHOR são como o monte Sião, que não se abala.
Deus É Fiel!
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