Olhai para Mim e Sereis Salvos

Comecemos com uma indagação: Para quem [ou o quê] olhamos primeiro, quando uma dificuldade se nos apresenta?

É sabido que um dos maiores desafios que se nos apresenta, ao longo da caminhada, é o de se olhar, a todo tempo, para Deus. Por isso mesmo, as Escrituras não se cansam por nos convidar a sempre estarmos olhando para Ele, para Deus, que hoje se nos apresenta pela pessoa de Jesus Cristo.

Informado disso, O Senhor Jesus nos antecipou: não andeis apreensivos ou cuidadosos quanto à vida [Mt 6.25 c/c Lc 12.23]. Jesus falou isso pois sabia que a apreensão pelas coisas desta vida tende a roubar de Deus a atenção que Lhe é devida pelo homem. 

Isso porque os problemas que se levantam querem se relacionar conosco até à intimidade. A desordem, a enfermidade, a escassez, e coisas semelhantes a estas, tendem a roubar de Deus nossa atenção, querendo ser nossos amigos íntimos.

A ocupação com determinado assunto leva à familiarização e repetição, o que, por conseguinte, passa a ocupar lugar de intimidade, rivalizando com a atenção que cada um de nós deve dispensar a Deus.

Acontece que comportamentos similares a estes não agradam a Deus, pois são contrários a sua palavra. A ansiedade, a preocupação, o medo, a inquietação por ter, a inquietação por querer ser justificado, e coisas desse tipo, são inimigas da confiança em Deus.

A ansiedade por uma cura, por uma conquista, ou mesmo por uma libertação leva-nos a olharmos para aquilo que julgamos hábeis por sua efetivação. 

Como se pode melhor dizer isso? Exemplificando.

Uma pessoa que enfrenta o vale da enfermidade olhará, primeiro, para um médico, um hospital, e fará o cálculo do quanto deverá desembolsar para ser curada; uma pessoa que quer comprar uma bem olhará, primeiro, para sua conta bancária e seu limite de crédito. 

Da mesma forma, olhará primeiro para seu exército o líder que queira empreender uma campanha militar cujo fim seja uma pretensa conquista. Percebe-se que existe um padrão de comportamento diante das necessidades.

A fé nas riquezas, na sabedoria, no conhecimento, no exército, no armazém, na poupança e símiles, faz-nos crer que nisso encontramos nossa paz. Assim, ao se erigir determinado obstáculo sobre a vida do que assim procede, tal pessoa buscará primeiramente se socorrer daquilo que já se tem, e daquilo sobre o que se aprendera ser a solução dos problemas.

Tudo porque, no mundo, o dinheiro a tudo responde: responde à vestimenta; ao alimento; à habitação; à locomoção; à conquista; à educação; à produção; à guerra; etc.

Para Quem [ou o quê] olhamos?

A Questão das Vestimentas

Para mostrar o contraponto entre o se poder ter tudo e o se crer em Deus e olhar para Deus, de modo a revelar a excelência deste último [o crer em Deus e olhar para Deus], Jesus compara o modo de se vestir de Salomão, homem portentoso, com o modo de se vestir dos lírios do campo.

Indaguemos: para quem, para o quê ou para aonde Salomão, ou qualquer poderoso, ou qualquer rico, olhou e olha quando da necessidade de se vestir? Resposta: para o recurso do qual será extraído o valor para aquisição das vestes. 

Cada um, então, vestirá a si mesmo, com aquilo que lhe aprouver, de acordo ao seu poder de compra.

Salomão era riquíssimo, se vestia das melhores roupas disponíveis, mas não conseguiu se igualar aos lírios do campo. Mas por que Salomão não conseguiu se igualar aos lírios do campo, meras ervas? O que fez com que as vestes [ou o vestir-se] dos lírios superassem as vestes de Salomão?

A resposta está na própria passagem que trata das solicitudes: As vestes dos lírios do campo eram superiores às de Salomão pois, enquanto Salomão vestia-se a si mesmo, os lírios do campo eram vestidos por Deus. Como está escrito:

Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? [Mt 7.30]

É Deus, então, quem veste à erva do campo. Mas aquele que veste a si mesmo jamais se igualará àquele, ou àquilo, que é vestido por Deus.

Com essa introdução, principiamos nosso estudo sobre como fixar nosso olhar em Cristo.

Todos Atrairei a Mim

Ouvindo, certa vez, em uma das pregações de Joyce Meyer, onde ela relatava enfrentar, a determinada altura de sua vida, muitos problemas, e que a forma como ela estava lidando com esses problemas prejudicava sua relação com Deus, ela trouxe que o próprio Espírito Santo lhe disse: “tu queres ter intimidade comigo ou com os teus problemas?”.

Pois, em muitos momentos, são os problemas que se tornam nosso amigo íntimo.

Jesus falou:

E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. [Jo 12.32]

Jesus morreu, suportando contra si todas as contradições dos pecadores, para que nós, olhando para Ele, pudéssemos, de igual modo, desprezar toda dor, a fim de alcançarmos o gozo que nos está proposto. Como diz o Escrito aos Hebreus:

Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. [Hb 12.2]

Para quem vamos, para quem corremos, quando situações difíceis se levantam contra nós? A Palavra de Deus fala que Aquele que deu Seu Filho, nos dará com este todas as demais coisas. Com está escrito:

Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? [Rm 8.32]

Busquemos, primeiro, o Reino de Deus e as demais coisas se nos serão acrescentadas. Nas demais coisas se encontram cura, conquista, libertação, salvação, paz, alegria etc.

Para quem olhamos quando da Calamidade?

Não Olhaste para Mim

Para que aquilo que aqui se nos está sendo dito se nos pegue e se nos crie raiz, analisemos o que se nos diz em Isaías 22.8-11. Esta passagem trata do cerco a Jerusalém, empreendido por Senaqueribe, rei da Assíria e traz o seguinte:

E ele [Deus] tirou a coberta de Judá, e naquele dia olhaste para as armas da casa do bosque.

E vistes as brechas da cidade de Davi, porquanto já eram muitas, e ajuntastes as águas do tanque de baixo.

Também contastes as casas de Jerusalém, e derrubastes as casas, para fortalecer os muros.

Fizestes também um reservatório entre os dois muros para as águas do tanque velho, porém não olhastes acima, para aquele que isto tinha feito, nem considerastes o que o formou desde a antiguidade.

O relato do cerco é encontrado, também, em 2Reis 18.13-16 e em 2Crôcicas 32.1-8 e traz a tomada das cidades fortes do Reino de Judá, cuja capital era Jerusalém, por Senaqueribe. 

O Primeiro Cerco [2Rs 18.13 c/c 2Cr 32.1]

Esta invasão à Judá se dera em dois momentos. No primeiro momento a Assíria invadiu Judá e tomou as suas cidades fortes, pelo que Ezequias lhe deu tesouros para que o exército de Senaqueribe se retirasse das cidades de Judá.

Porém, mesmo tendo se retirado, Ezequias percebeu que o intento de Senaqueribe para com Judá era de guerra e não de paz. Ezequias então, entendeu que Senaqueribe poderia retornar e, diante desta iminência, deveria se resguardar. 

Vendo, então, que o rei da Assíria vinha fazer guerra a Jerusalém, Ezequias cuidou  de se precaver.

Para isso, fechou as fontes de água, fez um túnel para que as águas corressem por baixo da terra até a Jerusalém; percebeu que as muralhas de Jerusalém estavam cheias de fendas, então resolveu derrubar algumas casas em Jerusalém para reparar as muralhas. Também passou em revista à Casa do Bosque, ou casa das armas, onde as armas de guerra eram guardadas, para equipar a população.

Tudo isso fez Ezequias: olhar para as armas da casa do bosque; ver [atentar] para as brechas do muro; contar e derrubar casas para delas aproveitar as pedras; fazer um reservatório de água. Além disso, para que o exército assírio saísse de Judá, aceitou ser tributário da Assíria, pagando o imposto de trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro [2Rs 18.14].

Porém, Judá não buscou aO SENHOR. Melhor dizendo, nem mesmo olhou para Deus.

Deus então usou Isaías, o Profeta, para dizer, tudo isso fizeste, porém, não olhaste para cima, para aquele que isto tinha feito, nem considerastes o que o formou desde a antiguidade.

Deus esperava que, diante deste mal, seu povo buscasse-o, como outrora fazia, para que o socorro viesse, de sua parte, para este.

O Segundo Cerco [2Rs 18.17 c/c 2Cr 32.9]

O temor de Ezequias se confirmou, pois, mesmo Ezequias tendo pagado a Senaqueribe o que lhe fora imposto, este tornou a invadir a Judá e sitiou a Jerusalém.

Nesse segundo momento, Ezequias, como já tinha esgotado os recursos humanos – exército, riquezas [ouro e prata], estratégias militares etc. – toma outra atitude, volta-se para buscar o Deus de seus pais, como está escrito:

E aconteceu que, tendo Ezequias ouvido isto, rasgou as suas vestes, e se cobriu de saco, e entrou na casa do SENHOR. [2Rs 19.1]

Tendo, então, se voltado aO SENHOR, com inteireza de coração, O SENHOR respondeu a Ezequias e destruiu o exército assírio [2Rs 19.35-37 c/c Is 37.36-38].

Percebemos que é rezoável que, se Ezequias primeiro olhasse para Deus e O buscasse, poderia, além de ter obtido o socorro, ter poupado recursos financeiros.

Aqui deixo, para expansão do conhecimento do que se está posto em Isaías 22, a sugestão da leitura do artigo Explicaçãode Isaías Capítulo 22 da Pastora Tânia Cristina Giachetti.

O Medo e as Solicitudes

Quando Jesus nos convida a não andarmos preocupados com as coisas com que os gentios se preocupam [Mt 6.32], Ele também está a nos dar uma garantia: nosso Pai celestial sabe tudo o de que precisamos. Os gentios andam preocupados pois não têm um Pai, como nós O temos; nós temo-lo e podemos a Ele recorrer.

Não são poucas as referências em que Deus nos chama a confiar nEle, independente de como esteja a situação ao nosso redor. Como está escrito em Isaías 8.12-13:

Não chameis conjuração, a tudo quanto este povo chama conjuração; e não temais o que ele teme, nem tampouco vos assombreis.

Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro.

Ou como quando O SENHOR falou a Jeremias: 

[...]  Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, como farás na enchente do Jordão? [Jr 12.5b]

Às vezes estamos confiantes enquanto a terra está em paz, mas o que faríamos se as águas impetuosas se levantassem contra nós?

A indagação, portanto, subsiste: 

Para quem, para onde, para o quê vamos/olhamos quando do momento da calamidade? O Apóstolo Pedro disse: Senhor, para QUEM iremos nós? TU tens as palavras da vida eterna?

Para quem olhamos diante de um diagnóstico ruim? Para a medicina? Para onde olhamos diante de um cerco pelo exército inimigo? Para as nossas armas? Tudo está diante de Deus e nada é maravilhoso a Ele.

Que Deus seja nosso primeiro recurso, nosso primeiro socorro.

Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar; O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra. [Isaías 40.22-23]

OLHAI PARA MIM, E SEREIS SALVOS, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro. [Isaías 45.22]

Deus É Fiel!