A Sorte está Lançada
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A Sorte está Lançada
Dada a ocasião, tenho que dizer que a nossa palavra SORTE vem do Latim sors, “parte, porção, aquilo que cabe a cada um”. Ela apresentou uma evolução, em vários idiomas, no sentido exclusivo de “boa sorte, fortuna”.
A palavra sorte, no
hebraico, é representada pela palavra GADE [Gn 30.11]. [Ver Isaías 65.11]
Ao que parece, a sorte está
mais relacionada a modo [como algo se resolve ou se dá] do que ao próprio algo
em si. Quando se fala em sorte, se fala em modo como as coisas se resolvem.
Porém, precisa-se
entender que, quando se lança sorte, tem-se a intenção de se decidir
determinada coisa, sem se considerar elementos outros que não a álea, i.e.,
o acaso, que se dá às cegas.
Quer-se, com isso, dizer
que, diante da sorte não há elemento intrínseco ao indivíduo, ora contemplado, que possa interferir no ou prevalecer sobre resultado. Por isso, mesmo, tal pessoa deverá aproveitar a oportuna
ventura, pois a sorte não a escolhera, apenas a encontrara.
Estar-se a se referir, então, à sorte pura, desprovida de elementos de manipulação, cujo resultado está no campo da probabilidade. Esta sorte está ligada ao acaso, à fortuna. Ou seja, a algo sem motivo aparente, sem causa específica, senão à alea [incerteza].
Lançando-se Sorte
O ato de se lançar sorte remete aos tempos das jogatinas de dados pelos gregos e depois pelos romanos, cuja expressão marcante é: alea jacta est [a sorte está lançada].
A sorte é lançada
mediante o ato conhecido como sorteio. Este ato pode se dar por inúmeras formas:
por retirada de nomes, número ou objetos de uma urna; pelo lançamento de
moedas, dados ou outros objetos; pelo girar de determinado objeto apontador ou
de uma roda [roda da fortuna] etc.
Este modo de se resolver
as coisas se fez presente ao logo da existência humana. As próprias Escrituras
nos informam que algumas coisas foram assim decididas entre os filhos de Deus.
Isso porque, como visto, a sorte não significa apenas o acaso, mas
também a porção que cabe ou caberá a cada um. O
acaso é apenas o elemento definidor do que pertencerá a alguém.
Por exemplo, o livro de
Números informa que a Terra Prometida, a ser possuída pelos judeus, seria
repartida por sortes, como se vê em Números 26.55-56:
Todavia a terra se repartirá por sortes; segundo os nomes das tribos de seus pais a herdarão.
Segundo sair a sorte, se repartirá a herança deles entre as tribos de muitos e as de poucos.
E isto foi efetivado por Josué [Js 18.19]
Assim, a Lei não está só a dizer que a cada um caberia uma porção, mas também que esta porção não seria distribuída levando em consideração o elemento pessoa / indivíduo.
Também por sorte se decidiu qual tribo, dentre as tribos de Israel, pelejaria, por seu turno, contra a tribo de Benjamim, quando da questão da concubina do levita. Como está escrito:
Também
foi mediante sorte que se decidiu qual, um a cada dez, iria morar na
Cidade de Jerusalém, quando da reconstrução da Cidade por Neemias [Nm 11.1].
Também foi por sorte que se decidiu a causa de Jonas, filho de Amitai [Jn 1.7].
Desta formal, percebe-se que a sorte, ou melhor, o seu lançamento [o sorteio], esteve presente na vida dos homens de Deus, como instrumento de decisão de questões importantes para suas vidas.
A Sorte de Matias, Um dentre os Doze
Cumpro
notar, ainda, que uma das decisões mais importantes da história da Igreja fora
tirada por sorte. Refiro-me à decisão sobre quem assumiria o posto de Judas, o
traidor.
As Escrituras
nos informam que, após a vinda do Espírito Santo e a consequente consolidação
da Igreja, ficou assentado que alguém deveria assumir o posto deixado por Jonas.
Após serem apresentados, dentre os que testemunharam os passos de Jesus, os nomes de Barsabás e de Matias, lançou-se sorte, para saber qual
teria parte no Ministério dos Apóstolos.
Como
se sabe, a sorte coube a Matias, por isso ele foi contado entre os doze.
Os Tipos de Sorte e de Sorteio
A Sorte nos Jogos
Essa sorte de que se
falou a cima difere da sorte associada aos jogos de aposta, para estes o elemento principal é o
prognóstico e a adivinhação. Por outro lado, a sorte de que se fala nas Escrituras é
desprovida de prognóstico, ou seja, não é acompanhada de adivinhações e
agouros, nem se dá para injustiça.
Os adivinhos, os prognosticadores
e agoureiros sempre foram rechaçados por Deus. Tais tipos de pessoas procuram
se inserir numa seara que só pertence a Deus: o futuro. O intento dessas
pessoas é prevê resultados para proveito econômico, tentando antecipar-se
ao acaso, à álea.
Com os prognósticos, vêm
as apostas, as manipulações, as perdas, o locupletamento e coisas semelhantes,
pois, nessa seara, alguém deve perder para outro ganhar. Essa é a sorte
maligna, por isso, mesmo, é conhecida como AZAR e os jogos que dela
se utilizam são conhecidos como jogos de azar.
A Sorte nas Escrituras
A sorte retratada nas
escrituras não é acompanhada de agouros, nem adivinhações, nem prognósticos,
tendo como fim apenas a distribuição de determinada coisa entre os envolvidos, ou
a escolha de alguém para determinada coisa.
A sorte retratada nas Escrituras
não está acompanhada de aposta, nem envolve locupletamento de A ou de B, mas
apenas deixar que a vontade de Deus e não a do homem prevaleça.
Mas como pode-se falar em vontade de Deus quando se estar lançando sorte?
A própria Palavra diz:
A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a determinação [Pv 16.33].
Aquele que crê o
acaso se faz sem a observância divina, deve ficar em paz em ser guiado por ele [o acaso],
mas aquele que crer em Deus deve saber que a fortuna, o acaso, o amanhã, a álea
e semelhantes estão nas mãos de Deus.
Assim, não se trata mais de sorte, para o homem espiritual, mas de ação divina. Porém, como o homem natural não entende da ação divina, continua por entender como sorte toda ventura que favoreça alguma pessoa.
A Má Sorte
Percebamos! Quando do
lançamento da sorte sobre a terra prometida, ninguém ficou sem um quinhão ou porção. É por
isso que sorte também significa porção destinada a cada um. É diferente da má
sorte que é dada pelo mundo e cujo objetivo é despojar a pessoa de seus
bens.
Quando do lançamento da sorte sobre Jonas, a intenção era trazer à tona o culpado pelo mal que sobreviera sobre os marinheiros. O sorteio, assim, serviu como instrumento de justiça.
Quando do lançamento da
sorte sobre os discípulos para se saber quem seria o herdeiro do Ministério apostólico,
algum dos dois, ali, sairia contemplado, não significando, contudo, que o outro
estava prejudicado. O que difere da má sorte, pois, nesta, sempre
haverá um perdedor, um prejudicado.
A Sorte e a Impessoalidade
Diante do exposto, à luz
das Escrituras, não existe sortudo, nem afortunado, existe a sorte, ou melhor,
a porção que cabe a cada um e que, às vezes, é decidido por sorteio, isto é,
pelo lançamento da alea, que é a escolha às cegas.
Se a sorte se pegasse ao
contemplado, de modo que tal fosse considerado sortudo, teríamos que, caso o primeiro sorteio
fosse anulado e se repetisse do zero, aquele que se diz sortudo deveria,
peremptoriamente, ser contemplado novamente, pois a sorte se lhe pegara.
Mas é provável que, se o
sorteio for anulado, fazendo-se um novo, não é garantido que o outrora
contemplado, seja também o ora contemplado, pois a sorte não se pega a alguém
nem a alguém pertence.
Mas é provável que, se o sorteio for anulado, fazendo-se um novo, não é garantido que o outrora contemplado, seja também o ora contemplado, pois a sorte não se pega a alguém nem a alguém pertence.
O Sorteio e o Pecado
O pecado não é um ente em si mesmo, mas exsurge de uma situação que lhe dê vida. A sorte, mediante o sorteio, não é um pecado em si mesmo.
O lançamento da sorte deixa de ser instrumento de se dirimir conflitos ou de efetivação da justiça para ser instrumento do mal, quando, como visto, está acompanhada de advinhação, prognosticismo e agourismo, senvindo de ferramenta de expropriação e transferência de renda.
Por exemplo: a RIFA.
A rifa não é um mal em si mesmo, quando utilizada par a um fim proveitoso. exemplo: uma pessoa quer se desfazer de um bem, mas acredita ser difícil que alguém lhe pague o valor devido, assim, pega o seu bem e dividi-o em cotas, vendendo-as em forma de bilhetes, que é o que conhecemos como rifa. Pois as pessoas preferem pagar um valor irrisório e sujeitar-se ao sorteio, do que desembolsar o valor integral do bem.
A rifa, então, passaria a ser perniciosa, quando alguém [quer vendedor, quer comprador] faz dela o seu modo de viver, pois o vendedor, assim, encontrara nela um jeito de enriquecer-se e o comprador passa a creditar suas conquistas ao acaso, à sorte.
Por isso, concordo com a seguinte frase:
NUNCA FOI SORTE, SEMPRE FOI DEUS!
Deus É Fiel!
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