Os Pensamentos e Caminhos de Deus

Os Pensamentos e Caminhos de Deus É comum ouvirmos pessoas evangélicas se dirigirem a Deus com as seguintes palavras: "seus caminhos são maiores que os meus, e seus pensamentos são melhores do que os meus". Todos que se dirigem assim a Deus, ao que parece, tem por base uma única passagem da bíblia, a saber: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos , nem os vossos caminhos os meus caminhos , diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. [Is 55.8-9] Mas será que isto está evangelicamente correto? Será que esta mensagem é dirigida aos filhos de Deus? Já, em eu vos questionar, vos incito a voltar ao texto e, se fizerdes uma leitura mais detida, percebereis que a resposta é NÃO . Se a resposta à pergunta acima posta é não , podemos afirmar, então, que os pensamentos e caminhos dos filhos de Deus são iguais aos p...

A Desconfiança que Enfada

A Desconfiança que Enfada 

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Percebe-se, naquele que lida com as palavras, uma tendência a se buscar delas o seu sentido mais puro. Tal tendência é encontrada de forma mais intensa nos filósofos, nos juristas e nos teólogos, pois lidam diariamente com o discurso, buscando sempre transmitir uma ideia precisa daquilo que se anuncia.

Nesse sentido é comum que esses profissionais, esses ativistas, se socorram constantemente de dicionários etimológicos, na busca pela raiz das palavras, ou seja, por sua origem. A nós interessa conversar sobre este tema dentro do campo teológico.

As Santas Escrituras chegam até nós como resultado do árduo trabalho de tradução empreendido pelos grandes estudiosos. Homens que dedicaram, por vezes, a integralidade da sua vida para estudar os idiomas bases das Santas Escrituras, a fim de possibilitar a cada um de nós o acesso a elas, em nosso próprio vernáculo, deixando para nós o produto de sua dedicação.

Algumas traduções bíblicas chegaram-nos como resultado da empresa iniciada por um homem [ex.: King James, J.F. de Almeida], outras como resultado da empresa de um congresso de estudiosos [Nova Versão Internacional, Jerusalém, Novo Mundo]. Em que pese uma coisa ou outras, ambas são sempre revisadas e, conforme o caso, corrigidas, em busca da certeza de que a versão que se nos chega é a mais fiel aos textos bases.

Os textos bases são diversos [massorético, vulgata, texto recebido, septuaginta], como diversos também são os idiomas dos quais emergiram [hebraico, grego, aramaico, latim]. Visto isso e dado a imensidão da tarefa, percebe-se que, dificilmente, alguém, desacompanhado de assessores qualificados, conseguirá empreender tal feito, não sendo, portanto, um trabalho individual.

Tanto o Rei James [Tiago], quanto João Ferreira de Almeida, que hoje respondem pelas traduções mais famosas para língua inglesa e portuguesa, respectivamente, apesar de terem as Bíblia em seus nomes, não fizeram seus trabalhos sozinhos. Sabe-se, mesmo, que Almeida faleceu antes de concluir a tradução do Antigo Testamento, pelo que alguns se levantaram para dar continuidade ao seu valioso serviço.

Se, por um lado, James, Almeida e tantos outros se esforçaram para entregar uma obra que pudesse ser entendida pelo povo de suas respectivas nações, outros homens, no passado, também o fizeram para que a Bíblia atendesse o idioma oficial do Império ou Reino dominante. Tal serviço eram feitos pelos eruditos, como os escribas, monges e doutores.

Originalmente no hebraico, as Santas Escrituras foram traduzidas para o aramaico, para o grego e para o latim, a partir do quê, hoje, as traduções já alcançam outras dezenas de idiomas.

Confiar ou Desconfiar

Se tal atividade [traduzir as Escrituras] tem como base o interesse em poder fornecer a todos a possibilidade de, por si mesmo, ler e entender as Escrituras, é pesada demais a cobrança sobre si mesmo de que necessário é conhecer cada um desses idiomas bases, de forma a exauri-los, para se ter uma compreensão correta das Escrituras.

Essa cobrança existe porque, quando da análise de qualquer objeto de conhecimento, no nosso caso, das Escrituras, o homem fundamenta sua análise a partir da desconfiança

O homem está sempre querendo comprovar se determinada palavra posta tem sua origem em outra palavra pré-posta e que esta palavra pré-posta realmente significa ou não aquilo que os expertos [eruditos] estão dizendo com a palavra traduzida [a palavra posta]. Porém, ao fim de cada busca pelo conhecimento, o que se obterá é informação posta por outro homem, ainda que tenha sido a primeira informação.

Nesse sentido, o pregador, o anunciante ou declarador irá atrás de outros eruditos que respondam a suas inquirições. Por vezes, mesmo, o apregoador pode se sentir diminuído em seu papel, por não ter domínio sobre o idioma base [o idioma original].

Essa forma de analisar as coisas, além de ser antibíblica [anti-escriturística], é também contraproducente e enfadonha. É antibíblica pois cada pessoa foi dada por Deus para exercer determinada função, profissão. É enfadonha, porque a pessoa desconfiada vive sobrecarregada pela suspeição e, assim, ninguém terá dela a confiança para fazer algo, pois a pessoa desconfiada quererá estar a frente de todo serviço, de forma que nunca confiará naquilo que não fora feito por ela mesma.

É também contraproducente, pois quem se dedica a fazer tudo não fará coisa alguma com perfeição.

Caso não houvesse uma versão traduzida para nosso vernáculo, teríamos sempre que inclinar nossos ouvidos aos que pudessem ler as Escrituras em hebraico, aramaico, grego ou latim, acreditando que o que se nos lera é tal como o ouvimos.

Como hoje temos a Palavra em nosso próprio idioma, podemos extrair diretamente dela aquilo que nos está apresentado, sem o manto da suspeita.

Se eu julgo que devo saber todos os idiomas para testificar que o que se está posto é realmente como se me revela, essa suspeição, então, se sobreporá, também, sobre todos os aspectos da minha vida, pois tudo que me cerca fora estabelecido pelo conhecimento de outrem. 

Como, então, saberei que a tradução que ora se me apresenta é digna de confiança?

Eu digo que para essa pergunta não há resposta satisfatória além daquela que prega a confiança. Não é a confiança cega, mas a confiança elocutiva, que decorre da capacidade que todo ser humano tem para analisar as coisas e delas tirar conclusões.

É como pisar no chão da cobertura de um arranha céu e acreditar que os cálculos estruturais foram corretamente estabelecidos para aquela construção, crendo de modo a entender que o prédio não irá ruir.

Confiar que a versão traduzida está me dando o mesmo sentido que aquele dado pela versão-base é semelhante a acreditar que, ao se embarcar em um avião, chegar-se-á ao destino indicado na passagem, pois tudo reside na confiança no próximo.

Se eu não tenho confiança para aceitar a tradução da Bíblia como se me apresenta, como vou confiar no texto a que ela se refere como tendo sido o texto base? Como não saber que os textos [ditos base] não foram erigidos como tais apenas para justificar as traduções deles decorrentes?

Percebe-se, com isso, que a desconfiança é uma subida sem fim, em espiral, cujo fim é mais incerteza. Isso porque, o homem foi posto por Deus como medida para outro homem, ainda que muitos não queiram aceitar isso.

Confiar que os sábios homens de Deus com verdade e retidão se debruçaram e se esforçaram para nos entregar uma versão confiável das Escrituras é como confiar em qualquer outra obra humana. Claro que o conhecimento de mundo [elocutivo] nos permite saber que não há homem neutro, por isso mesmo, como diz o Pregador:

Bom é que retenhas isto, e também daquilo não retires a tua mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isso. [Ec 7.18]

Por não haver homem neutro, isto é, desprovido de viés ideológico, sabemos que algumas palavras perderam a sua força significativa por ocasião do romantismo que se operou também sobre os homens de Deus. 

Mas, como entendemos que Deus tem o controle sobre a sua igreja, para que se possíveis erros tenham surgidos, quando da tradução da Palavra, Deus levantará outros eruditos para corrigi-los, pois a verdade sempre se revela.

Por tudo isso, percebe-se que a desconfiança é antibíblica, pois a ordem que temos é:

[...] cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. [Fp 2.3-4]

Esta análise pela confiança é necessária pois não há como uma pessoa ser doutora em tudo, por isso mesmo, devemos confiar nos doutores outros, pois Deus deu cada um conforme a necessidade da sua Igreja:

E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores [ou mestre]. [Ef  4.11-12]

Possa ser que alguns consigam conciliar dois ou três ministérios [atividades], mas não será perfeito em algo como aquele que só se dedica a apenas um. Uma pessoa que só se dedica a aprender o hebraico, será um experto [doutor/mestre] nesse idioma. Esse experto se reúne com outros iguais ou semelhantes para compor um conselho onde as coisas se desenvolverão.

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Qual a Nossa Vantagem?

A nossa vantagem é poder focar naquilo que Deus estabeleceu para cada um de nós. Se, por exemplo, um apregoador, cuja base de exposição é a Palavra, quiser deixar de ser estudioso da palavra para ser estudioso de idioma [filólogo], o seu tempo de exposição nos estrados deverá concorrer com o tempo que deverá se dedicar à segunda tarefa. Conforme se diz:

De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;

Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;

Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria. [Rm 12.6-8]

Se eu, pregador, deixo de pregar com autoridade por desconfiar que a tradução que me é feita não é merecedora de confiança e passo, agora, a estudar os idiomas, deverei fazer tal empreitada com afinco, a fim de obter resultado proveitoso.

Ao fim, porém, deverei submeter meu trabalho à crítica, que será realizada pelos mestres e doutores da área, pois nenhum homem, sozinho, conseguirá apresentar uma obra a contento, visto que a melhor obra é resultado de decisões tomadas em conselho, pois a sabedoria se acha com os que se aconselham [Pv 13.10b].

Vê-se que se trata de obra para um conselho não para um indivíduo. Se a motivação do serviço de alguém tem por base a desconfiança e não simplesmente a correta elucidação dos fatos, deve-se ter em mente que qualquer serviço posterior é construído com base no serviço anterior outro alguém, pois qualquer serviço sério deverá ter bases bem fundamentadas, bases que já estão postas.

Por exemplo, se alguém quer tornar-se experto em um novo idioma, deverá ter alguém que o ensine, assim, terá por base o conhecimento de outro alguém.

Sentido x Significado

Na minha caminhada como ministro do evangelho de Cristo, não só como ministro formal, mas, principalmente, como ministro pragmático, vi suscitadas questões sobre como algumas palavras em seus originais significam algo diferente do que significam as palavras traduzidas.

Uma vez uma pessoa leu determinado texto onde a palavra utilizada pelo tradutor para indicar o sentido do texto original foi “dormitação”, palavra de significado diferente do original, cujo significado era “morte”. 

De pronto algumas pessoas sinalizaram o fato, de modo a indicar que no original o significado da palavra era mais forte do que aquele que a palavra traduzida transmitia, haja vista aquela [dormitação] ser mais branda do que esta [morte].

Qual seria então o motivo que levou os tradutores [o conselho] a se utilizar de uma palavra de significado mais brando do que aquele que se apresenta pela palavra base [original]?

Se partirmos da desconfiança, concluiremos precipitadamente que houve uma romantização do texto bíblico, de modo que as pessoas incumbidas de sua tradução não estão permitindo que as pessoas tomem conhecimento da realidade das coisas, isto é, das coisas como elas são.

Se partimos então do amor [que não suspeita mal], logo, da confiança, partiremos então do entendimento, pois, dentro da atividade de tradução, além do significado [semântica] da palavra, deve-se perseguir o sentido/acepção [pragmática] que aquela palavra adquire dentro de determinado contexto.

Será que a palavra morte no contexto do texto base está a se referir à supressão da vida, ou a um estado de dormitação, de sonolência. Será que todas as considerações e ponderações não foram feitas quando da escolha de qual signo se utilizar? É partindo-se deste ponto que devemos abordar as questões: será que  minha ponderação já não fora ponderada, quando da utilização do termo que jugo inadequado?

Hoje, em decorrência do esforço de muitos, facilmente se pode fazer acareações com as várias versões bíblicas que temos ao redor do mundo. Se alguém suspeita que determinada versão bíblica é demasiadamente puritana ou, por outra face, demasiadamente romântica, pode, facilmente acareá-la com outras versões bíblicas.

Se uma versão da bíblia é formada pela confluência do estudo de diversos especialistas [expertos], ou seja, é um produto decorrente de um conselho, duas versões distintas são produtos de dois conselhos distintos, logo, três versões são produtos de três conselhos. Há, assim, conselhos de conselhos, de modo que não há razão para se haver suspeição.

Se após essa busca pela verdade das coisas o que resta é mais suspeição, o que se quer é contenda, que é o produto da soberba [PV 13.10a].

Texto e Contexto

Cada palavra isolada tem o seu significado individual, por isso mesmo se encontra dentro da área da linguística denominada semântica. Se, por assim dizer, cada palavra está atrelada a um único significado, a mesma palavra pode assumir inúmeros sentidos, a depender do contexto em que se insira, quando não mais será regida pela semântica, mas sim pela área da linguística chamada pragmática.

Visto isto, muitos problemas que serão enfrentados, quando da tradução do texto, frases e palavras serão resolvidos não pela semântica, isto é, pelo significado da palavra, mas pela pragmática, que analisará a acepção assumida dentro de determinado contexto.

“Um exemplo prático: há certo debate entre os judeus quanto ao que se estar a dizer quando as Escrituras dizem que Elias foi alimentado pelos ‘corvos’. Como a palavra utilizada no hebraico pode se referir tanto a aves quanto a ‘árabes’, afirma-se que não tem como se assegurar que foram aves [corvos], realmente, podendo ter sido os [árabes].

Em uma análise singela, colhendo-se elementos textuais, dá para perceber que o sentido tende para aves [corvos]. Isso porque o paradeiro de Elias  dada sua condição de inimigo do Estado de Israel , dizem as escrituras, era desconhecido. A procura por Elias se dera não só dentro da nação de Israel, mas também fora dela. 

Pressupõe-se, assim, que havia uma recompensa para quem achasse Elias e o denunciasse. Então qualquer que soubesse de seu paradeiro poderia facilmente dizê-lo por uma boa quantia.

A narrativa informa, também, que a carestia se derramou por aproximadamente três anos, não sendo informado o tempo que levou para o ribeiro secar, sendo assim, a atividade de alimentação foi contínua. Se fossem pessoas [árabes] que estivessem alimentando a Elias deveria fazê-lo com rotina. 

Como essas pessoas então descobririam o paradeiro de Elias?

Ou Elias estava escondido e fora descoberto pelos beduínos, ou ele estava em rota de passagem, e as caravanas beduínas que ali passavam o ajudavam, o que é temerário dado o prêmio pela sua cabeça.

Assim, essa análise textual feita por este Mensageiro, é uma análise mormente pragmática, ou seja, mais elocutiva do que normativo-descritiva, pois a semântica pouco ajuda. Mesmo assim, esta é apenas mais uma análise, pois creio que melhor análise nesse sentido fizeram os doutores que, como também creio, corretamente, optou pela palavra portuguesa ‘corvos’ em vez de ‘árabes’.”

Esse árduo trabalho de tradução deve ser valorizado e toda análise deve ter como ponto de partida a confiança, a busca pela melhor interpretação das coisas. 

Quando, por algum romantismo, se tenta esconder a realidade das coisas, quando da revelação da verdade, o trabalho que não se mostrou sério, cairá em descrédito.

Observemos a seguinte frase:

Em um momento de grande fome no Brasil, o povo satisfez-se com bananas.

Se a partir dessa frase alguém passa a acreditar que bananas está se referindo a pessoas [palerma, molenga], porque banana pode assumir diferentes sentidos, tal análise não está levando em consideração o contexto do Brasil, revelado pela palavra fome.

Assim, a plurissignificação de uma palavra não é justificativa suficiente para dizer que não se pode garantir que tal palavra está se referindo a determinada realidade, bem como não pode servir como mero elemento de contenda para um homem de Deus, pois a Palavra de Deus não foi dada para contenda, mas para libertação.

Não é o fato de eu ter descoberto que determinada palavra no hebraico, aramaico, grego latim, tem um significado diferente do que aquele posto quando do momento da tradução que a tradução está equivocada, pois o campo semântico daquela palavra pode permitir que, para melhor compreensão o sentido escolhido seja outro.

Por exemplo: o correto é “O SENHOR é meu pasto, nada me faltará” ou “O SENHOR é meu pastor, não faltará”? Tanto faz, pois o sentido do texto é a confiança em Deus, pois, em que pese a última expressão focar mais a pessoa de Deus do que a sua ação, a ação de alguém decorre da presença desse alguém. Assim, a escolha por essa ou aquela expressão fica a cargo do conselho revisor.

Este último ponto foi melhor trabalhado no artigo O SENHOR é meu pastor.

Pregação Enriquecida

A busca pela raiz, origem das palavras e seu sentido mais puro deve sempre ser perseguido como forma de se enriquecer o a mensagem que se anuncia, pois é nesse ínterim que podemos ser despertados para algo poderoso em Deus.

Ideias que a nossa palavra pode não despertar em nós, pela ideia contaminada que determinada palavra do nosso vernáculo pode nos passar, podem ser despertadas quando da interação com o significado mais puro transmitido pela palavra-base [original].

Isso aconteceu comigo, quando da leitura do Sermão da Montanha, percebi que a palavra pobre, que não deixa de ser correta, no grego está ligado à mendicância, o que me levou a entender a expressão “pobre de espírito” por outra dimensão, dimensão que tentei transmitir pelo artigo “Bem-aventurados os pobres no espírito”.

Não que a palavra pobre esteja errada, pois está dentro do campo semântico da palavra mendicância, mas, por algum motivo, a nota de rodapé na Bíblia Novo Mundo que sinalizava para mendigo me despertou outro sentido.

Então, a ideia maior que procura ser transmitida aqui é a da consciência de que qualquer atividade para se aprender novos idiomas e, no caso das Escrituras, os idiomas bases do Evangelho, o aluno deve, desde já, entender que, ainda que venha tornar-se mestre no hebraico, aramaico, grego e latim, o seu mestrado deverá se somar ao mestrado de outros iguais ou melhores do que ele.

Se esse agora mestre entender que determinada expressão ou tradução não está em seu sentido mais pleno, deverá submeter tal ponto ao conselho ou criar uma versão sua da Bíblia.

Conclusão

O objetivo deste artigo é assegurar a ti, pregador do Evangelho que, assim, como este Mensageiro, procura transmitir a mensagem que nos é dada com todo o desvelo que nos é imposto e de nós é cobrado, que tudo o de que nós precisamos está a nossa disposição, que é as Santas Escrituras em nosso próprio idioma.

O exemplar que se nos apresenta é o produto sacrificial de santos homens de Deus que se dedicaram a estudar e traduzir as línguas primitivas para o nosso vernáculo. Nenhum pregador será diminuído diante de Deus, por não saber o hebraico, aramaico, grego ou latim. Dominemos, sim, o nosso próprio idioma, valorizemos quem sabe mais do que nós, pois devemos dar honra a quem honra.

Este artigo não tem por fim demover as pessoas de buscarem a real significação das coisas, de modo a se confirmar o que se nos é apresentado. Tem por finalidade, sim, orientar que toda busca pelo reforço daquilo que já temos, se parta da confiança e não da desconfiança e condenação dos homens de Deus.

O próprio Jesus lidou com as Escrituras em aramaico, traduzida do hebraico, pregando e ensinando com base naquilo que se lhe era apresentado, pois sabia que, quando Deus confiou a Levi a guarda da Lei, o fez sem arrependimento, sabendo que Levi preservaria o real significado das coisas.

Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que a minha aliança fosse com Levi, diz o Senhor dos Exércitos.

Minha aliança com ele foi de vida e de paz, e eu lhas dei para que temesse; então temeu-me, e assombrou-se por causa do meu nome.

A lei da verdade esteve na sua boca, e a iniquidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em retidão, e da iniquidade converteu a muitos.

Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos. [Ml 2.4-7]

Por fim, válido a todo tempo é o conselho do Pregador:

E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.  [Ec 12.12]


Deus É Fiel!

 

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