Os Pensamentos e Caminhos de Deus

Os Pensamentos e Caminhos de Deus É comum ouvirmos pessoas evangélicas se dirigirem a Deus com as seguintes palavras: "seus caminhos são maiores que os meus, e seus pensamentos são melhores do que os meus". Todos que se dirigem assim a Deus, ao que parece, tem por base uma única passagem da bíblia, a saber: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos , nem os vossos caminhos os meus caminhos , diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. [Is 55.8-9] Mas será que isto está evangelicamente correto? Será que esta mensagem é dirigida aos filhos de Deus? Já, em eu vos questionar, vos incito a voltar ao texto e, se fizerdes uma leitura mais detida, percebereis que a resposta é NÃO . Se a resposta à pergunta acima posta é não , podemos afirmar, então, que os pensamentos e caminhos dos filhos de Deus são iguais aos p...

O Encontro: Jesus e Nicodemos

O Encontro: Jesus e Nicodemos

A-Pomba-representando-O-Espírito-Santo
O encontro que se dera entre Jesus e Nicodemos, um príncipe dos judeus, da seita dos fariseus, é retratado no Evangelho de João, capítulo 3. Este encontro marcou todo o Evangelho que hoje se anuncia. Desse encontro exsurgiu um dos versículos mais bonitos e recitados no meio evangélico, qual seja:

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” [Jo 3.16].

O texto deste versículo talvez seja tão conhecido quanto “O SENHOR é meu pastor, nada me faltará” do Salmo 23.

Em que pese, porém, ser tão conhecido, tal versículo não é o principal para confrontar a declaração de Nicodemos. O principal versículo para este encontro, e que é uma resposta confrontadora à forma como Nicodemos se dirigiu a Jesus, é o oitavo, que diz:

O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. [Jo 3.8]

Essa declaração de Jesus é o fundamento de validade pelo qual dizemos que Jesus é o Filho de Deus, que Jesus veio de Deus. Por ela conseguimos entender o porquê confessamos que Jesus é Filho de Deus. Com base nessa declaração, entendemos a importância do Espírito Santo para a vida dos filhos do Reino, os filhos das Bodas.

É desse encontro que extraímos ensinamentos que levamos para a vida, a vida em Jesus. Dele extraímos respostas a importantes indagações, tais quais: quem pode ver o Reino ou nele  e, assim, discerni-lo? Quem pode reconhecer Jesus como Filho de Deus? Quem pode entender as coisas espirituais? A quem é oportunizada a salvação? O que é o novo nascimento [nascer de novo]? Qual a proporção do amor exercido por Deus [o amor divino]?

Neste encontro entendemos ainda, além da face da salvação, a face da condenação. Entendemos a proporção do amor de Deus, pela entrega de seu filho, e, na mesma proporção, a infalível condenação àqueles que amaram mais as trevas do que a Luz.

O Que, então, o Diálogo, entre Jesus e Nicodemos, nos Revela?

Esse diálogo tem sua maior parte destinada ao Espírito Santo, revelando que seu recebimento é condição sem a qual [sine qua non] ninguém consegue professar Jesus. Revela o seu papel para fazer do homem um cidadão do Céu. E tudo isso se dá em uma conversa nada amistosa, pois Jesus tece todo o seu discurso com uma postura repreensiva, uma verdadeira tesourada nos auspícios de Nicodemos.

Como dito, Nicodemos era fariseu e insigne entre os seus irmãos. Os seus correligionários eram nítidos opositores do Evangelho de Jesus de Cristo. Porém, Nicodemos foi tocado pelos sinais que Jesus fazia e, por isso, foi ter com Jesus para, quem sabe, tentar entendê-lo.

Aqui, então, começaremos a expor riqueza, a profundidade e a sabedoria desta conversa, não minhas, mas do Espírito Santíssimo, que em mim habita.

A Fala de Nicodemos

Coisa ruim é o aluno que se porta como professor. Também é ruim aquele que desconhece e se porta como conhecedor. Boa parte das vezes que as pessoas assim se apresentaram a Jesus receberam a justa repreensão.

Nicodemos se apresentou a Jesus como um profundo conhecedor, ainda que fosse ignorante quanto à divindade de Jesus. Seria difícil para Nicodemos, sendo príncipe de seu povo, se apresentar como desconhecedor. Nicodemos, então, em vez de indagar quanto a divindade de Cristo, escolheu a abordagem pela afirmação. Ele chegou para Jesus e disse:

Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus.

Nicodemos acreditava não só que o sabia, mas também que o sabia BEM. Para justificar o que estava a dizer, Nicodemos conclui com o seguinte:

[...] pois ninguém pode fazer o que tu fazes, se Deus não for com ele.

Ou seja, Nicodemos abordou Jesus com a declaração pronta. É como se Nicodemos tivesse dito: Jesus, o que tu fazes homem nenhum consegue fazer, pois é coisa de Deus; então, se tu fazes as coisas que só Deus pode fazer, tu és vindo de Deus.

Prestemos atenção! Parece que não, mas Nicodemos, com essa atitude, demostrava dispensável a necessidade do Espírito Santo para se reconhecer a divindade de Jesus, coisa que só o Espírito Santo pode saber. Isto é, apenas o Espírito Santo pode discernir as coisas de Deus. Como está escrito:

Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. [1 Co 2.11]

Jesus entendendo a sutileza, repreende-o:

Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. [Jo 3.3]

O verso 5 diz que esse nascimento é o nascimento da água e do Espírito. Caso não haja esse renascimento, não se pode adentrar ao Reino de Deus, ou seja, não se pode discerni-lo. Ou seja:

[..] ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. [1 Co 12.3, parte final]

Entendemos, com tudo isso, que apenas ao Espírito Santo é dado conhecer das coisas de Deus.

Então, qualquer que não tenha recebido o Espírito de Deus não está apto a dizer quem é Jesus ou de onde Jesus viera.

O próprio Jesus falou: EU NÃO RECEBO TESTEMUNHO DE HOMEM.

Por isso mesmo quando Pedro disse: Tu És O Cristo, o Filho do Deus Vivo; Jesus lhe disse: quem to revelou não foi nem carne nem sangue, mas o Pai, que está nos céus.

Bem-Aventurados os Pobres no Espírito

Lembras-te do artigo Pobres no Espírito, escrito por mim? A sua leitura ajuda em muito a entender o papel do Espírito Santo. 

Jesus fala, é necessário nascer da água [primeiro] e do Espírito [segundo]. O nascimento da água prova que a pessoa é pobre do Espírito Santo, pois é o reconhecimento de sua miserabilidade espiritual que a leva ao batismo nas águas para arrependimento, ou seja, como demonstração de arrependimento de rejeição ao mundo.

Quando o homem cumpre o seu papel, o de se arrepender, o de se colocar na posição de pobre de espírito e se batizar, Deus cumpre a sua justiça [TZEDEK], que é o envio do Espírito Santo. Essa fórmula foi iniciada por Jesus, para que os seus discípulos a seguissem. Jesus primeiro se batizou e depois recebeu o Espírito Santo.

A Carne e o Espírito

Nós já sabemos que a carne milita contra o Espírito e este contra àquela, para que a vontade de cada um não prevaleça:

Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. [Gl 5.17]              

Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne [...] [Gn 6.3]

Sabendo isso, vejamos o que Jesus diz a Nicodemos:

O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. [Jo 3.6]

O Vento

Já meio atônito com tudo que dizia, Jesus, com o sopro dos lábios que mata ao ímpio, acrescenta a célebre passagem:

O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. [Jo 3.8]

Muitos ao lerem esta declaração, pensam que Jesus está a dizer que o que é nascido do Espírito não sabe de onde vem nem para onde vai, o que é um contrassenso. Se Jesus disse isso aos nascidos do Espírito, como é que depois Ele vai dizer-nos: 

Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. [Jo 14.4]

Se Jesus então não está dizendo isso aos nascidos do Espírito, então ele só pode estar se referindo a Nicodemos e a qualquer homem natural.

Sabemos que, no discurso, há aquele que fala, aquele com quem se fala e aquele de que se fala, representados pela 1.ª, 2.ª e 3.ª pessoa do discurso, respectivamente. Nesse versículo [v8] Jesus é a pessoa que fala, Nicodemos a pessoa com quem se fala, e o VENTO é o de que se fala, ou seja, o vento é o assunto, a 3.ª pessoa do discurso. Jesus está dizendo a Nicodemos:

Ó Nicodemos, o vento sopra onde quer, e tu, Nicodemos, até ouve o barulho da sua passagem, mas tu não sabes de onde o vento vem, nem para onde o vento vai.

Encerrando esta afirmação, Jesus meio que retoma, dizendo:

assim, como o vento, é todo aquele que é nascido do Espírito.

Traduzindo: o nascido do Espírito é o próprio vento. O vento sabe de onde veio e para onde vai, mas quem está de fora, apenas ouve a sua voz, a voz do vento, mas não sabe de onde o vento vem nem para onde ele vai.

Tanto é assim que Jesus fala, no verso 11:

Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. [Jo 3.11]

Assim, os nascidos do Espírito dizem o que sabem e testificam o que veem. E quem é, então, que não aceitam o testemunho e não sabem das coisas? Os que andam em trevas e odeiam a luz. Como Jesus diz:

Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.

Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus. [Jo 3.20-21]

A Obra do Espírito Santo

A-Obra-do-Espírito-Santo

Em outro artigo meu, entendemos que, pelo Espírito Santo, os Pensamentos e Caminho de Deus nos são revelados. 

A obra do Espírito Santo então é essa: testificar que Jesus é o Filho de Deus e revelar-nos as coisas celestiais, pois o Espírito de Deus é o Espírito de seu Filho, por isso temos a mente de Cristo. Como está escrito:

Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. [1 Co 2.10]

Ou seja, Deus no-las revelou, isto é, revelou as coisas de Deus, as suas profundezas àqueles que nasceram da água e do Espírito. E o apóstolo Paulo continua:

Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.

Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.

As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.

Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.

Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo

[1Co 2.11-16]

Essa passagem é profundíssima para aquele que se despoja da religiosidade misturada com hipocrisia e se permite se ver como Deus o vê. Precisamos vermo-nos como Deus nos vê. Assim, temos os seguintes pontos:

  1. Ninguém sabe as coisas de Deus além do Espírito de Deus. Este Espírito foi-nos dado. Então sabemos as coisas de Deus por meio de seu Espírito. E este Espírito foi-nos dado para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus;
  2. O homem natural, que é o homem desprovido do Espírito de Deus, não compreende as coisas do Espírito de Deus, pois lhe parecem loucura, só podendo serem discernidas espiritualmente;
  3. Mas o homem Espiritual, nós, os que renascemos da água e do Espírito, discernimos tudo, muito bem, e de ninguém somos discernidos. Ou seja, ninguém nos entende.
  4. E quem conheceu a mente de Deus? Resposta: seu Espírito, o Espírito Santo. Este mesmo Espírito nos foi dado; por isso temos a mente de Deus; por isso, mesmo, conhecemos os pensamentos de Deus.

Conclusão

Jesus não precisa de bajuladores, de hipócritas. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. [Sl 51.17]

Nicodemos foi auspicioso, mas encontrou a devida repreensão. Atitudes como a de Nicodemos passam a ideia de que o Espírito Santo é desnecessário para que se saiba que Jesus é o Enviado de Deus. Dessa mesma se comportou o jovem rico, ao se referir a Jesus como BOM Mestre.

Jesus lhe perguntou: por que me chamas BOM? Bom só Deus. É como se Jesus falasse: de onde me conheces tu, pois, se sabes que bom só Deus, estas dizer-me que sou Deus?

Com tudo isso, quero dizer: só conhece a Jesus aquele que tem o seu Espírito. Quem não tem o Espírito Santo não pode dizer de onde Jesus veio nem para onde Jesus vai, ainda que o ouçam passar.

Enquanto Nicodemos dizia:

Rabi, bem sabemos [...].

Jesus respondia:

tu não sabes coisa alguma.


Deus É Fiel!

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Obra de Deus, As Obras de Cristo e Os Serviços da Igreja

Olhai para Mim e Sereis Salvos