O Encontro: Jesus e Nicodemos
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
O Encontro: Jesus e Nicodemos
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” [Jo 3.16].
O texto deste versículo talvez seja tão
conhecido quanto “O SENHOR é meu pastor, nada me faltará” do Salmo 23.
Em que pese, porém, ser tão conhecido, tal
versículo não é o principal para confrontar a declaração de Nicodemos. O
principal versículo para este encontro, e que é uma resposta confrontadora à
forma como Nicodemos se dirigiu a Jesus, é o oitavo, que diz:
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. [Jo 3.8]
Essa declaração de Jesus é o fundamento de
validade pelo qual dizemos que Jesus é o Filho de Deus, que Jesus veio de Deus.
Por ela conseguimos entender o porquê confessamos que Jesus é Filho de Deus.
Com base nessa declaração, entendemos a importância do Espírito Santo
para a vida dos filhos do Reino, os filhos das Bodas.
É desse encontro que extraímos ensinamentos que
levamos para a vida, a vida em Jesus. Dele extraímos respostas a importantes
indagações, tais quais: quem pode ver o Reino ou nele e, assim, discerni-lo? Quem pode reconhecer
Jesus como Filho de Deus? Quem pode entender as coisas espirituais? A quem é
oportunizada a salvação? O que é o novo nascimento [nascer de novo]? Qual a
proporção do amor exercido por Deus [o amor divino]?
Neste encontro entendemos ainda, além da face
da salvação, a face da condenação. Entendemos a proporção do amor de Deus, pela
entrega de seu filho, e, na mesma proporção, a infalível condenação àqueles que
amaram mais as trevas do que a Luz.
O Que, então, o Diálogo, entre Jesus e Nicodemos, nos Revela?
Esse diálogo tem sua maior parte destinada ao
Espírito Santo, revelando que seu recebimento é condição sem a qual [sine
qua non] ninguém consegue professar Jesus. Revela o seu papel para fazer do homem um
cidadão do Céu. E tudo isso se dá em uma conversa nada amistosa, pois Jesus
tece todo o seu discurso com uma postura repreensiva, uma verdadeira tesourada
nos auspícios de Nicodemos.
Como dito, Nicodemos era fariseu e insigne
entre os seus irmãos. Os seus correligionários eram nítidos opositores do
Evangelho de Jesus de Cristo. Porém, Nicodemos foi tocado pelos sinais que
Jesus fazia e, por isso, foi ter com Jesus para, quem sabe, tentar entendê-lo.
Aqui, então, começaremos a expor riqueza,
a profundidade e a sabedoria desta conversa, não minhas, mas do
Espírito Santíssimo, que em mim habita.
A Fala de Nicodemos
Coisa ruim é o aluno que se porta como professor.
Também é ruim aquele que desconhece e se porta como conhecedor. Boa parte das
vezes que as pessoas assim se apresentaram a Jesus receberam a justa
repreensão.
Nicodemos se apresentou a Jesus como um
profundo conhecedor, ainda que fosse ignorante quanto à divindade de Jesus. Seria
difícil para Nicodemos, sendo príncipe de seu povo, se apresentar como
desconhecedor. Nicodemos, então, em vez de indagar quanto a divindade de
Cristo, escolheu a abordagem pela afirmação. Ele chegou para Jesus e disse:
Rabi, bem sabemos que és mestre vindo
de Deus.
Nicodemos acreditava não só que o sabia, mas
também que o sabia BEM. Para justificar o que estava a dizer, Nicodemos conclui
com o seguinte:
[...] pois ninguém pode fazer o que tu fazes, se Deus não for com ele.
Ou seja, Nicodemos abordou Jesus com a
declaração pronta. É como se Nicodemos tivesse dito: Jesus, o que tu fazes
homem nenhum consegue fazer, pois é coisa de Deus; então, se tu fazes as coisas
que só Deus pode fazer, tu és vindo de Deus.
Prestemos atenção! Parece que não, mas
Nicodemos, com essa atitude, demostrava dispensável a necessidade do Espírito
Santo para se reconhecer a divindade de Jesus, coisa que só o Espírito Santo
pode saber. Isto é, apenas o Espírito Santo pode discernir as coisas de Deus.
Como está escrito:
Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. [1 Co 2.11]
Jesus entendendo a sutileza, repreende-o:
Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. [Jo 3.3]
O verso 5 diz que esse nascimento é o
nascimento da água e do Espírito. Caso não haja esse renascimento, não
se pode adentrar ao Reino de Deus, ou seja, não se pode discerni-lo. Ou seja:
[..] ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. [1 Co 12.3, parte final]
Entendemos, com tudo isso, que apenas ao
Espírito Santo é dado conhecer das coisas de Deus.
Então, qualquer que não tenha recebido o Espírito de Deus não está apto a dizer quem é Jesus ou de onde Jesus viera.
O próprio Jesus falou: EU NÃO RECEBO TESTEMUNHO
DE HOMEM.
Por isso mesmo quando Pedro disse: Tu És O Cristo,
o Filho do Deus Vivo; Jesus lhe disse: quem to revelou não foi nem carne nem
sangue, mas o Pai, que está nos céus.
Bem-Aventurados os Pobres no Espírito
Lembras-te do artigo Pobres no Espírito, escrito por mim? A sua leitura ajuda em muito a entender o papel do Espírito Santo.
Jesus fala, é necessário nascer da água
[primeiro] e do Espírito [segundo]. O nascimento da água prova que a pessoa é
pobre do Espírito Santo, pois é o reconhecimento de sua miserabilidade
espiritual que a leva ao batismo nas águas para arrependimento, ou seja, como
demonstração de arrependimento de rejeição ao mundo.
Quando o homem cumpre o seu papel, o de se
arrepender, o de se colocar na posição de pobre de espírito e se batizar, Deus
cumpre a sua justiça [TZEDEK], que é o envio do Espírito Santo. Essa fórmula
foi iniciada por Jesus, para que os seus discípulos a seguissem. Jesus primeiro
se batizou e depois recebeu o Espírito Santo.
A Carne e o Espírito
Nós já sabemos que a carne milita contra o
Espírito e este contra àquela, para que a vontade de cada um não prevaleça:
Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. [Gl 5.17]
Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne [...] [Gn 6.3]
Sabendo isso, vejamos o que Jesus diz a
Nicodemos:
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. [Jo 3.6]
O Vento
Já meio atônito com tudo que dizia, Jesus, com
o sopro dos lábios que mata ao ímpio, acrescenta a célebre passagem:
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. [Jo 3.8]
Muitos ao lerem esta declaração, pensam que Jesus está a dizer que o que é nascido do Espírito não sabe de onde vem nem para onde vai, o que é um contrassenso. Se Jesus disse isso aos nascidos do Espírito, como é que depois Ele vai dizer-nos:
Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. [Jo 14.4]
Se Jesus então não está dizendo isso aos
nascidos do Espírito, então ele só pode estar se referindo a Nicodemos e a
qualquer homem natural.
Sabemos que, no discurso, há aquele que fala, aquele
com quem se fala e aquele de que se fala, representados pela 1.ª, 2.ª e 3.ª
pessoa do discurso, respectivamente. Nesse versículo [v8] Jesus é a pessoa que
fala, Nicodemos a pessoa com quem se fala, e o VENTO é o de que se fala,
ou seja, o vento é o assunto, a 3.ª pessoa do discurso. Jesus está dizendo a
Nicodemos:
Ó Nicodemos, o vento sopra onde quer, e tu, Nicodemos, até ouve o barulho da sua passagem, mas tu não sabes de onde o vento vem, nem para onde o vento vai.
Encerrando esta afirmação, Jesus meio que
retoma, dizendo:
assim, como o vento, é todo aquele que é nascido do Espírito.
Traduzindo: o nascido do Espírito é o próprio
vento. O vento sabe de onde veio e para onde vai, mas quem está de fora, apenas
ouve a sua voz, a voz do vento, mas não sabe de onde o vento vem nem para onde
ele vai.
Tanto é assim que Jesus fala, no verso 11:
Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. [Jo 3.11]
Assim, os nascidos do Espírito dizem o que
sabem e testificam o que veem. E quem é, então, que não aceitam o testemunho e
não sabem das coisas? Os que andam em trevas e odeiam a luz. Como Jesus diz:
Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus. [Jo 3.20-21]
A Obra do Espírito Santo
Em outro artigo meu, entendemos que, pelo Espírito Santo, os Pensamentos e Caminho de Deus nos são revelados.
A obra do Espírito Santo então é essa:
testificar que Jesus é o Filho de Deus e revelar-nos as coisas celestiais, pois
o Espírito de Deus é o Espírito de seu Filho, por isso temos a mente de Cristo.
Como está escrito:
Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. [1 Co 2.10]
Ou seja, Deus no-las revelou, isto é, revelou
as coisas de Deus, as suas profundezas àqueles que nasceram da água e do
Espírito. E o apóstolo Paulo continua:
Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.
Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.
As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.
Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.
Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.
[1Co 2.11-16]
Essa passagem é profundíssima para aquele que se despoja da religiosidade misturada com hipocrisia e se permite se ver como Deus o vê. Precisamos vermo-nos como Deus nos vê. Assim, temos os seguintes pontos:
- Ninguém sabe as coisas de Deus além do Espírito de Deus. Este Espírito foi-nos dado. Então sabemos as coisas de Deus por meio de seu Espírito. E este Espírito foi-nos dado para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus;
- O homem natural, que é o homem desprovido do Espírito de Deus, não compreende as coisas do Espírito de Deus, pois lhe parecem loucura, só podendo serem discernidas espiritualmente;
- Mas o homem Espiritual, nós, os que renascemos da água e do Espírito, discernimos tudo, muito bem, e de ninguém somos discernidos. Ou seja, ninguém nos entende.
- E quem conheceu a mente de Deus? Resposta: seu Espírito, o Espírito Santo. Este mesmo Espírito nos foi dado; por isso temos a mente de Deus; por isso, mesmo, conhecemos os pensamentos de Deus.
Conclusão
Jesus não precisa de bajuladores, de
hipócritas. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração
quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. [Sl 51.17]
Nicodemos foi auspicioso, mas encontrou a
devida repreensão. Atitudes como a de Nicodemos passam a ideia de que o
Espírito Santo é desnecessário para que se saiba que Jesus é o Enviado de Deus.
Dessa mesma se comportou o jovem rico, ao se referir a Jesus como BOM
Mestre.
Jesus lhe perguntou: por que me chamas BOM?
Bom só Deus. É como se Jesus falasse: de onde me conheces tu, pois, se sabes
que bom só Deus, estas dizer-me que sou Deus?
Com tudo isso, quero dizer: só conhece a Jesus
aquele que tem o seu Espírito. Quem não tem o Espírito Santo não pode dizer de
onde Jesus veio nem para onde Jesus vai, ainda que o ouçam passar.
Enquanto Nicodemos dizia:
— Rabi, bem sabemos [...].
Jesus respondia:
— tu não sabes coisa alguma.
Deus É Fiel!
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Comentários
Postar um comentário