Os Pensamentos e Caminhos de Deus

Os Pensamentos e Caminhos de Deus É comum ouvirmos pessoas evangélicas se dirigirem a Deus com as seguintes palavras: "seus caminhos são maiores que os meus, e seus pensamentos são melhores do que os meus". Todos que se dirigem assim a Deus, ao que parece, tem por base uma única passagem da bíblia, a saber: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos , nem os vossos caminhos os meus caminhos , diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. [Is 55.8-9] Mas será que isto está evangelicamente correto? Será que esta mensagem é dirigida aos filhos de Deus? Já, em eu vos questionar, vos incito a voltar ao texto e, se fizerdes uma leitura mais detida, percebereis que a resposta é NÃO . Se a resposta à pergunta acima posta é não , podemos afirmar, então, que os pensamentos e caminhos dos filhos de Deus são iguais aos p...

Bem-aventurados os Pobres no Espírito

Bem-aventurados os Pobres no Espírito

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Conforme pudemos ver em outro artigo – Dai Esmola –, a palavra pobre denota aquele que se inclina, que rasteja, que mendiga. No Antigo Testamento, o hebraico o referia por ANAWIN – se inclinar. O Novo Testamento, por sua vez, o refere pela palavra grega PTOCHOI – se rastejar, mendigar.

Desde já, informo que, para uma compreensão plena do que vai ser dito neste artigo, a leitura do artigo “Dai Esmola” é crucial. Isso porque entenderemos que Jesus não estava tratando dos pobres materiais, de modo a agraciá-los com o Reino dos Céus pelo simples fato de serem miseráveis, mas dos que mendigavam ou se humilhavam suplicando pelo Espírito:

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. [Mt 5.3]

Também, devemos entender que todas as palavras de Jesus, todos os gestos, procuraram efetivar uma coisa superior: a JUSTIÇA.

A Justiça de Deus

Entendemos, alhures, que TZEDAKÁ era o grito do pobre por justiça, a justiça social. O necessitado, quando assim clamava, não estava pedindo, mas instando seu irmão a lhe fazer justiça, a cumprir o MITZVÁ, o mandamento.

Exemplificando: à viúva, cujo de cujus tivesse irmãos, assistia casar com o mais velho destes, a fim de que fosse sucedido nome ao falecido. Por assim dizer, era o dever de seu cunhado, que morasse junto com o falecido, tomar a viúva que não tivesse filhos em casamento, para suscitar nome ao falecido:

Quando irmãos morarem juntos, e um deles morrer, e não tiver filho, então a mulher do falecido não se casará com homem estranho, de fora; seu cunhado estará com ela, e a receberá por mulher, e fará a obrigação de cunhado para com ela
E o primogênito que ela lhe der será sucessor do nome do seu irmão falecido, para que o seu nome não se apague em Israel.
Porém, se o homem não quiser tomar sua cunhada, esta subirá à porta dos anciãos, e dirá: Meu cunhado recusa suscitar a seu irmão nome em Israel; não quer cumprir para comigo o dever de cunhado.
Então os anciãos da sua cidade o chamarão, e com ele falarão; e, se ele persistir, e disser: Não quero tomá-la;
Então sua cunhada se chegará a ele na presença dos anciãos, e lhe descalçará o sapato do pé, e lhe cuspirá no rosto, e protestará, e dirá: Assim se fará ao homem que não edificar a casa de seu irmão;
E o seu nome se chamará em Israel: A casa do descalçado. [Dt 25.5-10]

Esse costume já era vivo entre os hebreus, mesmo antes da Lei Mosaica, como se pode ver no caso de Tamar, a nora de Judá, quando este fora tido por INJUSTO, por não ter concedido o seu filho Selá àquela, com fim de suscitar nome ao seu irmão mais velho, Er.

A proteção ao órfão e a viúva era, assim, uma questão de direito, para que estes não ficassem deserdados, sendo que tudo que pertencera ao falecido passasse àqueles.

A justiça de Deus, por sua vez, começa por Jesus, passa pela vinda do Espírito Santo e se consuma pelo estabelecimento do Reino de Deus. Jesus é a Justiça de Deus:

Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e JUSTIÇA, e santificação, e redenção. [1 Co 1.30]

Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará JUSTIÇA aos gentios. 
[...] 
Eu, o Senhor, te chamei em JUSTIÇA, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios. [Is 42.1;6]

Essa justiça operada por Jesus consiste na derrubada da parede da separação, pelo seu sangue, por meio do qual, crendo, se recebe o Espírito Santo, que nos habilita a testificar que Jesus é o Filho de Deus, por meio de quem, também, esperamos a vinda de Cristo.

O Grito a Deus por Justiça

Entendemos, então, que ao pobre pertence um grito, o grito por justiça, o TZEDAKÁ espiritual. É o grito do necessitado e do desamparado de espírito, qual seja: Justiça!, Justiça!, Justiça!.

Jesus, quando  do sermão do monte, se utilizou do mesmo termo - Ptochoi - com o qual se referiam aos mendigos para se referir aos pobres no espírito - ptōchoi tō pneumati. Assim, Jesus assegurava que, assim como aos pobres sociais cabe a Justiça Social, aos pobres espirituais cabe a Justiça Espiritual.

Se utilizando, assim, do mesmo termo com que se referem aos pobres, aos necessitados e aos mendigos, para se referir aos carentes do Espírito Santo, Jesus estar a dizer que somos bem-aventurados quando reconhecemos nossa pobreza espiritual e clamamos pelo Espírito Santo.

Ele estar a se utilizar de uma mensagem: de que viera fazer justiça aos pobres, mas não aos pobres, simplesmente, da matéria, mas os pobres no espírito e que, para essa justiça ser efetivada, deve-se clamar dia e noite pelo Espírito Santo.

Jesus informa, com isso, que, assim como os mendigos devem ser atendidos em justiça [tzedaká], os que mendigam o Espirito também o deveriam. Mas, para isso, assim como os pobres gritam que se lhes façam justiça, os mendigos no espírito devem clamar a Deus por Seu Espírito.

A pobreza no espírito, ou melhor, o mendigar o Espírito, comporta, assim, duas faces. Pela primeira face, se percebe que aos necessitados cabe o grito, o bramido, o suspiro pelo Espírito. Pela segunda face, temos que cabe a Deus o fazer justiça aos pobres, nesse caso, aos pobres de espírito, o que se dá pela recriação espiritual através do novo nascimento.

A Deus, então, cabe a efetivação da justiça, ainda que tal se dê de forma aparentemente tardia.

Mendigar no Espírito [ptōchoi tō pneumati]

A força da palavra é: bem-aventurado aquele que mendiga no espírito. Quem mendiga no espírito é o que se ver pobre no espírito. Não se trata apenas de ser pobre, mas de se ver pobre, de saber que não se passa de um trapo. Então, pode-se dizer:

Bem-aventurados os que sentem a necessidade do ESPÍRITO SANTO. 

Os que não sentem tal necessidade, são os ricos no espírito, os cheios de si. Esses acreditam que não estão enfermos espiritualmente, por isso não mendigam o Espírito, não se rastejam nem se inclinam pelo Espírito de Deus. Como está escrito, para aqueles que se acham justos e sãos:

Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento. [Lc 5.32]

e

[...] Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes [...] [Mc 2.17]

Quando Jesus, então, diz que bem-aventurado é o pobre no espírito, isto é, que mendiga no espírito, está se referindo àqueles que clamam pelo Espírito de Deus, que entendem sua situação de miséria espiritual e com ela não se conforma. Por assim dizer, temos: bem-aventurado aquele que mendiga O Espírito Santo:

E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer, dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem.
Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me JUSTIÇA contra o meu adversário.
E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe JUSTIÇA, para que enfim não volte, e me importune muito.
E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não fará JUSTIÇA aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? [Lc 18.1-8]

Jesus, assim, para exemplificar o dever de se clamar por justiça, se utilizou do exemplo de uma viúva, uma pessoa pobre, necessitada. Assim, o grito da viúva não envolve só o Tzedek [Justiça], mas também o Tzedaká [a Justiça Social], que para nós, se traduz em JUSTIÇA ESPIRITUAL.

O próprio Jesus, quando falou da vinda do Outro Consolador [o Parakletos], que é o Espírito Santo, disse:

Não vos deixarei órfãos [...] [Jo 14.18]

Com isso, Jesus estava dizendo que, assim como o órfão tem o direito de ser resgatado [remido] e clamar por justiça, Jesus nos remiria, nos resgataria, pois ele é o nosso remidor, quem nos faz JUSTIÇA e isso se daria aos pobres de espírito.

Clareando. Jesus informava, naquele monte, com aquele sermão, que os pobres no espírito eram bem-aventurados, pois lhe era devido o resgate pelo Espírito Santo. Ou seja, assim como assistia ao pobre social a Justiça Social, assistia ao pobre no espírito a JUSTIÇA ESPIRITUAL.

Lembremos! Deus é o Pai dos órfãos e de viúvas [Sl 68.5], ou seja, dos necessitados.

O Grito Insistente

O Espírito Santo, instrumento de efetivação de Justiça de Deus, deve ser buscado, deve-se querê-lo. Para isso, deve-se instar a Deus que se nos mande do Seu Espírito:

Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe;
Se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar; Digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister.
E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á.
E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o ESPÍRITO SANTO àqueles que lho pedirem? [Lc 11.5-13]

Aqui está, então, um riqueza: 

Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou. 
Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo. [Mt 10:40-41]

Nesse mesmo sentido, quem recebe o Filho na qualidade de Filho, recebe galardão de Filho.

[...] Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome [...] [Jo 1.12]

Como então se recebe o poder de ser feito filho de Deus? Resposta: Pelo Espírito de Seu Filho

Quem são, pois, os pobres no Espírito? 

Podemos informar quem são os pobres de espírito começando a informar quem não o são.

Os pobres de espírito não são simplesmente os humildes, ou de espírito manso, ou, mesmo, os contritos e abatidos de espírito. Mais do que isso, os pobre de espírito são aqueles que foram roubados no seu espírito, aqueles que foram privados das riquezas espirituais. 

Os pobres de espírito são aqueles que ficaram órfãos de verdadeiros pastores e profetas, por causa da corrupção destes. Os pobres de espírito são, assim, aqueles que calmam por que haja vida em seu espírito, só que não há mais, quem os vivifique.

A estes é devido uma JUSTIÇA, a justiça espiritual

falta de pastor e o desinteresse destes em apascentar as ovelhas [Ez 34.8], levaram-nas ao desamparo espiritual. Jesus, então, veio cobrir está falta. Conforme está escrito:

Eis que eu, eu mesmo, procurarei pelas minhas ovelhas, e as buscarei. [Ez 34.11]

Conclusão

Ao dizer: Bem-aventurado os que mendigam no espírito, Jesus estava encomendando, de forma direta, o comportamento que se deve ter diante de Deus para receber do seu Espírito. Ao falar isso àqueles que lhe seguiam, Jesus os estava pondo nesta condição de pobreza espiritual.

Mais do que isso, Jesus estava dizendo que o homem precisava se reconhecer morto espiritualmente, para que pudesse viver por Seu Espírito: "Não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim."

Os inchados; os engodados; os fartos; os sãos: nenhum desses receberá da JUSTIÇA de Deus.



Deus É Fiel!



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