Os Pensamentos e Caminhos de Deus

Os Pensamentos e Caminhos de Deus É comum ouvirmos pessoas evangélicas se dirigirem a Deus com as seguintes palavras: "seus caminhos são maiores que os meus, e seus pensamentos são melhores do que os meus". Todos que se dirigem assim a Deus, ao que parece, tem por base uma única passagem da bíblia, a saber: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos , nem os vossos caminhos os meus caminhos , diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. [Is 55.8-9] Mas será que isto está evangelicamente correto? Será que esta mensagem é dirigida aos filhos de Deus? Já, em eu vos questionar, vos incito a voltar ao texto e, se fizerdes uma leitura mais detida, percebereis que a resposta é NÃO . Se a resposta à pergunta acima posta é não , podemos afirmar, então, que os pensamentos e caminhos dos filhos de Deus são iguais aos p...

O Que é a Vontade de Deus?

O Que é a Vontade de Deus?

Bússola

Segundo a boa Palavra de Deus, tudo que Deus fez era muito bom [Gn 1.31]. Não era só bom, era muito bom.

Deus criara o mundo segundo a sua soberana vontade. A vontade de Deus, por sua vez, é boa, perfeita e agradável. De igual modo, o produto de sua vontade é algo bom [ou muito bom], perfeito e agradável. Ou seja, a bondade, a perfeição e a agradabilidade da vontade de Deus transmitem-se a toda sua Criação.

A transmissão das características da vontade de Deus à Criação garantia a esta a harmonia da convivência dos seres. Nada havia de ruim, imperfeito ou desagradável que ameaçasse essa harmonia. Tudo era formoso em seu tempo, nada se lhe devendo acrescentar, pois tudo fora feito para durar.

Da Constituição da Criação [Seres Autônomos e Não-Autônomos]

Essa Criação, de que se fala, é composta de seres inanimados [desprovido de alma (minerais, vegetais etc.)] e de seres animados [providos de alma (animais, o homem, os anjos)]. De entre os seres animados, distinguem-se, pelo menos, dois tipos: os seres animados autônomos e os seres animados não-autônomos.

Entre os seres animados não-autônomos temos alguns seres celestes [animais celestes], que habitam com Deus, e alguns seres terrestres [animais terrestres (as alimárias)], que habitam com o homem. Entre os autônomos temos outros seres celestes [mais conhecidos como Anjos ou Mensageiros], que também habitam com Deus e, na terra, temos, como ser autônomo, o Homem.

O ser não-autônomo é aquele que não pode fugir ao seu propósito, não têm faculdade para decidir fazer ou não fazer, ou, ao menos, se o tem, tal faculdade é grandemente reduzida. Ou seja, não tem autonomia, ou a tem de forma reduzida.

Ex.: Um cavalo, ser não-autônomo terrestre, está destinado a servir de meio de transporte ao homem; algumas vezes pode refugar, fugir, empacar, desobedecer, mas, na maioria das vezes, estará preso ao seu destino.

Assim também são os seres celestes não-autônomos, só fazem o que está previsto para fazerem. Como Está escrito:

E cada qual andava para adiante de si; para onde o espírito havia de ir, iam; não se viravam quando andavam. [Ez 1:12]

Percebe-se, com isso, que alguns dos animais celestiais não têm autonomia de vontade, apenas cumprem a vontade do espírito, posta dentro deles por Deus. São não-autônomos, portanto desprovido de autonomia.

Por sua vez, o ser autônomo é aquele que pode escolher cumprir [seguir] ou não cumprir [não seguir] a norma a que está sujeito. O ser autônomo tem, assim, capacidade para estabelecer para si sua própria lei. Ou seja, eles detêm autonomia.

Toda Criação, antes, ainda, de Deus criar o homem, vivia em equilíbrio, pois entendia e respeitava a vontade divina para si. Os seres autônomos estavam em perfeita harmonia com o Seu Criador, ATÉ AO MOMENTO EM QUE SE ACHOU INIQUIDADE NELES [Ez 28.15]. Os seres autônomos passam, assim, a desviar-se de seu propósito: a errarem o alvo.

Soberania e Autonomia

A Soberania [poder supremo] é atributo de alguém que esteja em última instância, cuja satisfação atenda apenas à vontade do ente soberano. Só se fala em soberania quando tudo se lhe sujeita. Assim Deus, em sua soberania, não deve satisfação de seus atos a outrem que não a si mesmo. Entendendo-se por satisfação o dever de prestação de contas por seus atos.

A Autonomia, por sua vez, é a capacidade para decidir por si mesmo os seus atos, que serão supervisionados, em última instância, por um ente soberano. É a capacidade para estabelecer para si mesmo suas leis, ou de escolher quais leis seguir.

Conquanto os seres autônomos possam escolher seguir ou não uma lei já posta, sua escolha, por outro lado, não é provida do atributo da soberania, pois, a vontade autônoma pressupõe a aceitação das consequências decorrentes de suas escolhas, consequências postas pelo Soberano, que é quem detém o BENEPLÁCITO. Como está escrito:

Bendizei ao Senhor, todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais o seu beneplácito. [Sl 103.21]

Por sua vez, a vontade soberana não reconhece outra vontade que lhe seja superior.

Assim, pela sua soberania, Deus estabeleceu dois destinos possíveis ao homem [ser autônomo]: o caminho da bênção, para os filhos da obediência; e o caminho da maldição, para os filhos da desobediência [também conhecidos como não-filhos].

Percebe-se assim, que a autonomia, aqui, para o homem, lhe confere apenas dois resultados possíveis, já estabelecidos pela soberania divina. Não há, então, liberdade irrestrita ao ser autônomo, mas sua liberdade é pré-orientada à feitura do que é certo.

A Vontade de Deus

Malhete-sobre-a-Bíblia

Chegado até aqui, passemos a considerar, agora, o que seja a vontade de Deus.

Alguns costumam separar a vontade de Deus em, pelo menos, dois tipos: a vontade soberana e a vontade permissiva. Segundo essa divisão, a vontade soberana é atendida, quando determinada atitude está no centro da vontade de Deus, já a vontade permissiva incide sobre uma atitude que não se encontra no centro da vontade de Deus.

Pessoalmente, não estou de acordo com esta divisão, por me parecer que a vontade de Deus, em qualquer caso, é sempre soberana, haja vista que vontade revela querência. Não é vontade/querer de Deus que o homem peque, sendo assim, não posso dizer que tal atitude está dentro da vontade de Deus. O querer de Deus é soberano justamente em razão da origem daquele.

Se o que se faz está dentro do querer de Deus, então está dentro da sua vontade [sempre soberana]. Se, por outro lado, o que se faz está fora do querer de Deus, não está na sua vontade. Se Deus não o quis [volição], não se pode falar em sua vontade.

Mas a pergunta que se faz é: Deus não o quis, mas o permitiu? Naturalmente, todos respondem ‘sim’, o que leva as pessoas entenderem errado a questão da permissão. Esta permissão é a mesma presente quando do pecado de Adão.

Quando Adão pecou, porventura a sua atitude fora precedida da permissão divina? Adão chegou diante de Deus e pediu a permissão deste? Absolutamente, não. Então a permissão de que se fala aqui deve ser entendida como uma não-imposição da vontade divina. Deus é soberano, mas não impõe sua vontade aos seres autônomos. Impõe, sim, as consequências.

A Não-Vontade de Deus

Pode haver permissividade, no sentido de tolerância, para aquilo que Deus não quer, mas nunca, nesse caso, decorrerá de sua vontade, mas, sim, de sua não-vontade. Assim, ou Deus quer algo, ou Deus não o quer, mas, neste último caso, o tolera.

A tolerância de Deus é decorrente da sua longanimidade, ou seja, da sua capacidade de sofrer o mal. Por isso mesmo, Deus é conhecido como Deus Sofredor [Sl 86.15 c/c 145.8]. O sofrimento é marca característica do Amor [1Co 13.4] e de todos os servos dO SENHOR [2Tm 2.24].

A permissão ou tolerância de Deus não é, assim, outra coisa senão a manifestação da sua longanimidade, i.e., da sua aptidão para sofrer o mal pelo tempo determinado.

Assim, o que, até aqui, se entende, então, por vontade permissiva eu entendo como uma atitude permitida decorrente da não-vontade de Deus, pois a vontade de Deus é e sempre será soberana, ainda que nem sempre a vontade soberana seja implementada.

O atributo da soberania, então, não se traduziria, aqui, na imposição peremptória da vontade divina, mas no fato de que a vontade de Deus, que é única e soberana, é reveladaconhecida e deve ser perseguida, sendo a única forma de se chegar ao Reino dos Céus.

A vontade de Deus é soberana pela sua qualidade: é advinda de alguém supremo, que não tem sobre si alguém que lhe seja superior. Não é soberana pelo fato de simplesmente prevalecer em todas as situações.

Então, se não se trata de vontade de Deus, qual sentimento, que não a querência [vontade] divina, é dispensado sobre a atitude errônea? A resposta é, o sentimento da ira divina.  Quanto a isso, maiores exposições vimos no artigo de minha autoria “Deus Ama ao Pecador?”. O ímpio açambarca para si a ira divina.

Da Manifestação da Vontade Divina

Em Relação a Atitude Autônoma: A Vontade e A Não-Vontade

A vontade de Deus será sempre a sua vontade soberana, ou seja, Deus sempre conservará consigo o equilíbrio de sua criação. Em que pese isso, tal vontade pode se nos apresentar em, pelo menos, duas ou três formas. Eu bem que queria dizer isso de uma maneira mais fácil, mas, hoje, não a encontrei. 

Vamos lá! De primeira subsiste apenas Deus e a sua vontade, posteriormente, Existe Deus e existem os seres autônomos, que seguem a vontade de Deus por entendimento e submissão. No primeiro momento, a vontade de Deus é aprazivelmente plena, pois há a perfeita harmonia.

 
Vontade

No segundo momento, quando se acha iniquidade nos seres autônomos, ou seja, quando os seres autônomos passam a querer estabelecer leis para si desprovidas de atenção à Lei Soberana, surge o espectro da não-vontade.

A não-vontade, quando recebe vida, gera a atitude ofensiva. Esta atitude recebe consequência imediatas e consequências mediatas. No caso dos anjos a consequência imediata foi serem expulsos do Céu de Deus. No caso dos homens, foi serem expulsos do Éden. Já, como consequência mediata, temos a segunda morte, que é a separação eterna de Deus e que será antecipada do comparecimento dos infratores ao Grande Tribunal.

Até aqui, falamos da vontade e da não vontade em relação à atitude autônoma. Porém vimos que a atitude autônoma que viola a soberania de Deus sofrerá a ação divina reparadora do equilíbrio da criação.

Isso porque, a atitude tolerada/permitida contraria a vontade de Deus e nunca por ela será contemplada, i.e., nunca será achada dentro do campo volitivo divino, ao contrário, levará sempre ao ímpio para o lugar do não aprazimento, da não-vontade, pois Deus não tem vontade naquilo que não Lhe apraz.

Em Relação à Atitude Divina [A Vontade Aprazível e a Não-Aprazível]

Há pouco eu falei que Deus não tem vontade naquilo que não lhe apraz e, agora, eu falo em vontade não-aprazível. Acontece que falávamos da vontade que recaíra sobre a atitude do ser autônomo [como os anjos e o homem], agora falamos da vontade manifesta na própria ação divina. 

A vontade, soberana, de Deus, por sua vez, pode se dar de forma aprazível ou de forma não-aprazível. Em que pese não parecer, a vontade não-aprazível, por sua vez, está dentro da vontade [soberana] de Deus.

No primeiro momento, a vontade, soberana, de Deus é uma, ou seja, de uma só natureza. Está plena.

 
Vontade

Com a atitude não querida empreendida pelo ser autônomo, há com ela, uma ruptura na natureza da vontade, soberana, divina. Essa vontade, antes, una, passa, assim, a uma vontade dividida.

 
Vontade Aprazível e Vontade Não-Aprazível

Entendamos. A vontade, soberana, de Deus é boa, perfeita e agradável [Rm 12.2]. Se, por outro lado, houver uma atitude que a contrarie, ou seja, uma atitude injusta, ímpia, tal atitude provocará um desequilíbrio na bondade, perfeição e agradabilidade em tudo que decorra da vontade aprazível. Deus, então, deverá intervir, para o restabelecimento desses atributos, mesmo que, para isso, o ímpio deva pagar, pois se recusara a se converter.

Deus não quereria ter que restabelecer a bondade, perfeição e agradabilidade de sua obra, mas deverá fazê-lo diante de qualquer atitude injusta que lhes afete. Visto isto, de onde surge, então, o não-aprazimento? Do fato de ter que, com o restabelecimento, destruir a obra de sua mão, o homem, que se tornara ímpio.

O ímpio, assim, outrora filho, se coloca na condição de não filho. O não-aprazimento, assim, não é pelo agir em si, pois o agir é necessário para o restabelecimento da ordem, mas porque tem de destruir a obra de suas mãos.

Explicando melhor. O pecado levou Deus a aplicar um plano de salvação, que contempla desde o sacrifício de seu Filho até o estabelecimento de um novo mundo. Deus não quereria estabelecer este plano, mas, devido ao pecado, agora, Ele qué-lo. Como está escrito:

Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar [..] [Is 53.10a]

Assim o plano de salvação está dentro da vontade aprazível de Deus. É o prazer de Deus restaurar o mundo e o homem, não é prazer, contudo, que o ímpio morra no seu pecado [Ez 33.11].

Assim, se entende que o ímpio está dentro da vontade não-aprazível por reflexo, pois para que se prevaleça a perfeição, a bondade e a agradabilidade da vontade de Deus, o mal deverá ser destruído, mesmo que Deus não tenha prazer nessa destruição. Ou seja, com o surgimento do mal, surge a vontade de Deus de destruí-lo. Com o mal, será destruído, também, o ímpio.

Haverá assim, um conflito, quando do momento de destruição do mal: Deus, devendo destruir o mal causado, para que seja restabelecida a sua vontade aprazível, deverá destruir com ele o ímpio, obra de suas mãos.

O ímpio se coloca, assim, na posição de não-filho [Dt 32.5], de modo que o ímpio nunca ouvirá de Deus a seguinte declaração:

Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. [Mateus 3.17]

Dito isto, a vontade aprazível de Deus contempla não só o seu cumprimento, mas também o seu reestabelecimento. Chama-se, então de vontade não-aprazível não porque Deus não a quer fazer, mas porque Deus não a quereria fazer, mas deve fazê-la.

Traduzindo: Deus não quer que sua vontade seja descumprida, mas, em sendo descumprida, tal descumprimento provoca desordem, pelo que Deus intervirá para o restabelecimento da ordem.

Deus não quereria que o homem errasse pois não quereria intervir para restabelecer a ordem, mas quererá, pois deverá, depois do erro, intervir para restabelecê-la. Assim, a vontade não-aprazível opera antes da intervenção, pois, quando da intervenção, o que se opera é a vontade aprazível de Deus.

Porém, como vimo, Deus não tem prazer na morte do ímpio, antes que se converta de seu mal e seja salvo [Ez 33.11]. Deus, assim, por sua infinita bondade, reservou um lugar de salvação para o ímpio: Jesus Cristo, o Salvador. Se, por outro lado, o ímpio rejeita a Cristo, tem sobre si a ira de Deus. 

Conclusão

Quero ter deixado claro o suficiente o que me propus a falar, ainda que, de primeira, para difícil tal elucidação, não encontrei, ainda, uma forma mais fácil de dizê-lo. Espero, contudo, que o entendimento do que só existe uma vontade divina - a boa, perfeita e agradável - tenha fica claro para nós.

Outro ponto importante para se saber é: Nem sempre o que Deus faz está em sua vontade primeira, mas pode fazê-lo por necessidade, sua vontade segunda, cujo objetivo é o restabelecimento do equilíbrio afetado pela atitude desobediente. As duas, apesar de tudo, são soberanas, não sendo opostas entre si.

Uma bússola apontando sempre para próximo do norte geográfico não muda sua orientação, ainda que tolere alguém indo para o sul geográfico; a vontade de Deus também aponta sempre para uma única direção: a obediência. Deus não muda sua orientação, ainda que tolere os filhos da desobediência.

Bendizei ao Senhor, todos os seus


Deus É Fiel!

 

exércitos, vós ministros seus, que executais o seu beneplácito. [Sl 103.21]

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