A Obra de Deus, As Obras de Cristo e Os Serviços da Igreja
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A Obra de Deus, As Obras de Cristo e Os Serviços da Igreja
Muitos se envolvem em muitas tarefas, em que acabam se atolando, e, nessas suas muitas tarefas, acreditam estar fazendo a obra de Deus.
Mas qual é a Obra de
Deus?
A obra de Deus é esta: que creiais naquele a quem Ele enviou. [Jo 6.29]
Esta resposta foi dada por Jesus a uma multidão que lhe saíra à procura, após Ele multiplicar cinco pães e dois peixes em uma quantidade mais do que suficiente para alimentá-la. Jesus, porém, quando achado por esta multidão, entendeu que a turba estava atrás dele não para o ver, mas para novamente se alimentar.
Jesus, assim, repreendeu a multidão
dizendo:
Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou. [Jo 6.27]
Diante disso, o povo questiona:
Que faremos para executarmos as obras de Deus? [Jo 6.28]
Pelo que Jesus responde:
A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou. [Jo 6.29]
A Obra de Deus
Um dos princípios básicos da vida
traduz-se em trabalhar para se comer. A multidão, por outro lado, queria
depositar em Jesus o seu conforto provisional. Jesus, de pronto, repreendeu-a.
Ao mesmo tempo, porém, Jesus alertou-a que não trabalhasse pelo alimento
perecível mais pelo que não perecesse, ou seja, trabalhasse por Jesus, para
tê-lo.
A turba cuidou que para se obter
a comida que permanece para a vida eterna [Jesus – o pão da vida]
dever-se-ia realizar diversas obras [o que é necessário para executarmos as obras de Deus?],
mas Jesus informou-a tratar-se de uma obra apenas.
Esse trabalho, esse labor, essa
obra, por aquilo que permanece para a vida eterna consistia, e ainda consiste,
simplesmente, em receber o Filho na condição de Filho. Consistia em crer no
enviado por Deus.
O Crer em Jesus
O crer não é, como vimos, um fim
em si mesmo. Se crer fosse um fim em si mesmo, seria proveitoso até aos
demônios. Como está escrito:
Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios creem — e tremem! [Tg 2.19]
Os próprios demônios criam que
Jesus era o Filho de Deus, como se vê:
"Ah! que queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Sei quem tu és: o Santo de Deus! " [Lc 4.34]
Não basta crer, deve corresponder
ao crer. Os demônios creem num só Deus, pois eles O conhecem. Acontece que os
demônios não Lhe honram, apesar de Lhe terem medo [tremor].
Os demônios creem em Deus e no seu Filho, a ponto de terem medo, mas não honram a Deus. Mas que honra seria essa? A honra de pai e de senhor. Como está escrito:
O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. [...] [Ml 1.6]
Essa honra de filho é aquela dada por Jesus a seu Pai e, assim como Jesus Fez, devemos fazer também. Mas, para isso, devemos receber o Filho na condição de Filho, para que possamos receber o poder e o Espírito de Filho. É como também está escrito:
Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou. [1Jo 2.6]
Ou seja, aquele que diz estar nele, deve honrar ao Pai como Jesus honrou. Aquele que diz ser filho de Deus, deve dar-lhe a honra de pai.
Ou, como diz em outro momento:
E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? [Lc 6.46]
Assim, Crer em Jesus não é simplesmente
dá cumprimento a obra de Deus, mas é, sobretudo, se permitir iniciar em
si AS OBRAS DE CRISTO:
[...] Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado [...] [Jo 14.12]
As Obras de Cristo
Não há dificuldade em se entender
o que são as obras de Cristo.
As Escrituras são claras sobre o
ministério de Jesus: a sua abnegação; sua piedade. Elas nos informam que Jesus
não fazia coisa alguma de si mesmo, mas conforme via e ouvia, assim o fazia,
pois o Pai ensinava-lhe.
Trata-se de dá continuidade a
obra de nosso Salvador, operada pelo Espírito Santo através da Igreja, cujos
agentes são os filhos de Deus, aqueles que creem no nome de seu Filho. Tal obra começa pela obediência a Deus, seguido pelo cumprimento do que se conhece como a grande comissão, a grande incumbência:
“Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.
Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”. [Mc 16.15-18]
É como diz as Escrituras:
Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens. [...] E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo [...]. [Ef 4.8 e 11-12]
As Obras de Cristo e os Serviços da Igreja
Se, por um lado, temos as obras
de Deus e as obras de Cristo, por outro, temos os serviços da Igreja.
Diuturnamente somos instados a satisfazer
algo ou alguém, a empreender atividades e tarefas que, de um modo geral, nos
sobrecarregam. Em meio a este turbilhão de coisas a se fazer, temos
dificuldades em identificar a nossa missão aqui na terra.
Muitas pessoas têm se encontrado
embaraçadas em muitos afazeres. A razão do embaraço pode ser diversa:
satisfação a terceiros; aceitabilidade; se justificar diante de Deus; rejeição
à simplicidade da Graça; protagonismo [o famoso “ser o pai da criança”]; etc.
Analisando algumas informações
que as Escrituras nos fornecem sobre a vida de Marta de Betânia, percebemos a
nítida diferença entre obra de Cristo e o serviço a Cristo. A obra de Deus é “a
melhor parte”, o serviço tem seu valor, mas não é a melhor parte.
Diante disso, muitas pessoas têm
se metido em muitos serviços acreditando estar realizando a obra de Deus.
Porém Jesus foi peremptório, quando da resposta aos que lhe perguntavam, ao dizer-lhes:
a obra de Deus é crer naquele que Ele enviou.
Obra x Serviço
Uma sensível diferença entre a
realização da obra de Deus ou da prestação de um serviço a Deus é percebida no
elemento volitivo do agente.
A obra de Deus é crer em Jesus. Cada
crente em Jesus deve descobrir e aceitar para si o propósito divino. A obra de
Deus, então, se revela na abnegação, que exsurge da seguinte frase de Jesus:
Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. [Jo 6.38]
Essa é a total abnegação. É o “não
vivo mais eu”. É traduzido na escolha da “melhor parte”. No cumprimento da obra
não há espaço para a vontade humana, que fica preterida pela vontade de Deus.
Na realização do serviço, por sua
vez, a vontade do homem prevalece. Não está assim, na perfeita vontade de Deus,
mas debaixo da sua tolerância.
Serviço
Serviço é tudo que te desvia da
obra. O pastor tem uma obra: apascentar as ovelhas; o profeta tem uma obra:
profetizar segundo a medida da fé; o mestre: ensinar com dedicação; o
presbítero: presidir com cuidado; o diácono: auxiliar nas causas assistenciais;
etc.
Não que haja uma fronteira bem
delineada entre uma e outra coisa, mas o homem de Deus, o homem espiritual, que
tudo discerne, deve ser sensível ao que atrapalha a obra de Deus que lhe fora
imposta por vocação.
Os Apóstolos de Jesus Cristo
entenderam que não podiam comprometer o ministério da oração e da palavra para
servirem às mesas. Por isso mesmo, tiveram sabedoria para, ali, estabelecerem a
diaconia, que até hoje é tão útil à Igreja.
O serviço à mesa, em si, é uma
obra para os diáconos, mas passariam a ser serviço para os apóstolos, o que
lhes embaraçaria o caminho.
Moisés estava cumprindo a obra de
Deus, mas teve que receber sabedoria para dividir tarefas entre os príncipes do
povo. Há líderes, porém, que não conseguem repartir tarefas, acreditando que as
coisas só prosperam se ele mesmo estiver à frente de cada serviço.
Tomando por exemplo o ministério pastoral,
para um pastor, a obra de Deus ou as obras de Cristo não consistem em
construções, em contabilidade, em zeladoria, em cantoria, ou qualquer outro
serviço embaraçador. Ao pastor cabe, apascentar as ovelhas: procurá-las, ligá-las
[curá-las], alimentá-las, guarnecê-las e coisas semelhantes a essas.
A partir daí, cada um identifique
a sua obra.
O Homem Zeloso no Ministério Vivo
O irmão Jhon Angell James [A Grandeza do Pastorado, 2013] identifica o homem zeloso como aquele que, tendo identificado o seu objetivo, seguirá o caminho do seu propósito sem se desviar para a direita ou esquerda. Em seu livro, está a tratar dos homens do púlpito, porém, nada impede que outras pessoas sejam identificadas como homem zeloso ou pessoas zelosas.
Nesse sim, a obra de Deus na vida
de cada pessoa é cumprida de acordo com o ministério estabelecido por Deus para
cada uma [ensinar, pregar, profetizar, professorar, pastorear etc.].
Uma das atividades que tende a rivalizar
com o pastorado é o estudo secular. Questiona-se sobre a conciliação do
conhecimento ministerial com o conhecimento secular. Segundo Jhon Angell James,
“o homem zeloso tem grande sagacidade para discernir objetos, ainda que
distantes, que são favoráveis ao seu propósito”.
Um dos principais objetos acessórios
a serviço do ministério [objeto principal] é o “estudo”, o “conhecimento
geral”, da literatura, ciência e filosofia, mas, conquanto possam ser
excelentes àqueles que com estas se deparam, tais são apenas servas, um meio proveitoso
para se alcançar a grandeza do ministério.
Sabendo disso, nada há para se
condenar a busca do conhecimento destinado ao fortalecimento do propósito, pois
o estudo de tais áreas é semelhante aos rios marginais que afluem para o leito
caudaloso do rio principal, o rio principal é o ministério vivo; assemelhando-se
também às raízes que nutrem o caule lenhoso de uma árvore.
Os que, por outro lado, cultuam a
ignorância são como “incendiadores de bibliotecas”. A estes não se lhes poderia
dar melhor resposta do que a dada por South [JAMES, 2013, p. 55]:
“Se Deus não tem necessidade do nosso estudo, pode ter menos necessidade ainda de nossa ignorância”.
Escolhido que tenha sido o nosso
objeto [o ministério vivo], a tudo que dele queira nos distrair, não teremos
melhor resposta a dar do que a dada por Neemias:
“Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco?” [Ne 6.3]
Quanto ao se socorrer ou não dos
objetos acessórios [estudos, profissões, relações, serviços], verdadeiros
afluentes, não sendo, contudo, as águas principais [conquanto para estas
concorram], devemos ter em mente o princípio estabelecido no seguinte provérbio
de Salomão:
“E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.” [Ec 12.12]
Salomão fala em “o muito estudar”,
mas, por extensão, pode-se utilizar para qualquer coisa que se faça de modo
embaraçoso.
Conclusão
Muitas vezes dizemos a nós mesmos:
SENHOR queremos fazer a sua obra. O Senhor, porém, está dizendo: guarda os meus
mandamentos, medita as minhas escrituras, guarda-te para fazeres conforme tudo
que está escrito no livro desta lei, pois, fazendo isto salvarás tanto a ti
quanto aos que te ouvem.
Deus É Fiel!
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