Os Pensamentos e Caminhos de Deus

Os Pensamentos e Caminhos de Deus É comum ouvirmos pessoas evangélicas se dirigirem a Deus com as seguintes palavras: "seus caminhos são maiores que os meus, e seus pensamentos são melhores do que os meus". Todos que se dirigem assim a Deus, ao que parece, tem por base uma única passagem da bíblia, a saber: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos , nem os vossos caminhos os meus caminhos , diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. [Is 55.8-9] Mas será que isto está evangelicamente correto? Será que esta mensagem é dirigida aos filhos de Deus? Já, em eu vos questionar, vos incito a voltar ao texto e, se fizerdes uma leitura mais detida, percebereis que a resposta é NÃO . Se a resposta à pergunta acima posta é não , podemos afirmar, então, que os pensamentos e caminhos dos filhos de Deus são iguais aos p...

Vai Ter Com A Formiga, Ó Preguiçoso!

Vai Ter Com A Formiga, Ó Preguiçoso!

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Estamos diante de uma das mais incisivas passagens das escrituras, mas sinto dizer que poucos extraíram dela o seu real significado.

Mais uma vez estamos diante de um texto que não é lido pelo seu todo e, por isso mesmo, acredita-se que o que está em foco, aqui, nesta passagem, é o fato de a formiga trabalhar e o preguiçoso não.

Uma análise mais detida, por outro lado, revelará que o preguiçoso não é simplesmente aquele que não trabalha, mas é aquele que apenas o faz apenas se tiver alguém o supervisionando. Então, vejamos a oposição posta pela seguinte apóstrofe dirigida ao preguiçoso:

Vai ter com a formiga, ó preguiçosoolha para os seus caminhos, e sê sábio. Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento.  [Pv 6.6-8]

Analisando o Texto

Convido vocês, agora, a analisarem, juntamente comigo, a estrutura desta passagem, em uma breve análise sintática.

PRIMEIRO: temos três orações absolutas, ditas principais. São absolutas pois podem funcionar sem qualquer outra que lhe complemente o sentido, não exercendo, ainda, qualquer relação sintática em relação às demais. São elas:

Oração 1: Vai ter com a formiga, ó preguiçoso;

Oração 2: Olha para os seus caminhos [os caminhos da formiga];

Oração 3: Sê sábio.

As três orações estão coordenadas entre si, e têm, para consigo, valor aditivo.

SEGUNDO: temos duas orações subordinadas.

Oração 4: pois ela prepara no verão o seu pão; na sega o seu mantimento; [oração subordinada adverbial causal]

Oração 5: não tendo chefe, nem guarda, nem dominador. [oração subordinada adverbial concessiva, reduzida de gerúndio] 
Se essa última oração fosse escrita em sua forma desenvolvida, estaria assim: ainda que não tenha chefe, nem guarda, nem dominador.

Quanto a estas duas últimas orações, temos a ORAÇÃO 4 como uma oração de valor causal subordinada às três primeiras, ou seja, diz o porquê de o preguiçoso ter de ir observar a formiga, mas principal à 5.ª. O valor causal é indicado pela conjunção POIS.

Por sua vez, a ORAÇÃO 5, é subordinada à oração 4 e tem valor concessivo

Feita esta breve análise sintática, podemos, agora, reescrever este texto, mantendo o valor por ele transmitido. Assim, podemos reescrevê-lo da seguinte forma:

Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, olha para os seus caminhos e sê sábio, pois ela prepara o seu pão, no verão, e ajunta o seu mantimento, na sega, ainda que não tenha chefe, nem guarda, nem dominador.

Creio que, agora, a ideia transmitida pelo texto ficou mais clara.

Ideia Principal

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A percepção das ideias transmitidas pelo texto parece mais nítida de acordo com a versão da tradução utilizada. A tradução de que nos utilizamos aqui é a Almeida Corrigida Fiel [ACF]. 

Se, por outro lado, nos utilizarmos da Nova Versão Internacional [NVI], teremos o seguinte:

Observa a formiga, preguiçoso, reflita nos caminhos dela e seja sábio! Ela não tem nem chefe, nem supervisor, nem governante, e ainda assim armazena as suas provisões no verão e na época da colheita ajunta o seu alimento.

A linguagem utilizada, aqui é diferente, mas o valor transmitido tem que ser o mesmo em qualquer versão, quer ACF, NVI, Jerusalém, Novo Mundo ou qualquer outra.

Mas que valor é esse? O valor principal desta mensagem é o valor CONCESSIVO.

E o que é um valor concessivo? 

Em gramática, o valor concessivo de uma oração subordinada revela que a ação informada na oração principal se realiza, ainda que algo de nítida oposição lhe seja apresentada pela oração subordinada.

E qual é a oração principal? Em subordinação a oração principal é aquela que não depende de outra para completar-lhe o sentido. Já a subordina, quando sozinha no período, não tem sentido completo. Na relação de subordinação entre a 4.ª e 5.ª oração, a 4.ª é principal e a 5.ª é subordinada.

No contexto analisado, a oração principal revela a ação praticada pela formiga:

A formiga prepara o pão na verão e o seu mantimento na sega .

 Por sua vez, a oração subordinada revela um aparente obstáculo [ausência de supervisor]:

Ainda que não tenha chefe, nem guarda, nem dominador.

Isto é: 

A formiga prepara seu alimento independentemente de alguém para ordená-la. 

A formiga não precisa de alguém para lhe dizer o que deve ser feito. 

Nos utilizemos de outro exemplo para entendermos melhor o que seja o valor concessivo:

Davi, mesmo sendo moço e não experimentado em guerras, venceu a Golias.

Oração Principal: 

Davi venceu a Golias...

Oração Subordinada de valor concessivo: 

...mesmo sendo moço; mesmo não sendo experimentado em guerras.

Assim o fato de Davi ser moço e não ser um guerreiro era um nítido obstáculo para que pudesse vencer a Golias. Porém, Davi venceu. O obstáculo não fora suficiente para estorvar a ação da informada na oração principal. A relação de subordinação entre as orações revela, portanto, um valor concessivo.

Conclusão

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Voltando ao texto do preguiçoso e da formiga. 

A formiga trabalhava e preparava o seu alimento, mesmo que não tivesse alguém que a supervisionasse.

Ou seja, o locutor, pela sua experiência, percebeu que determinadas pessoas só trabalhavam mediante coação, ameaça, coisas que ele não via no trabalhar das formigas, pois estas, mesmo sem coercitividade, sem um feitor, trabalhavam.

Às pessoas que, então, precisavam de capataz que lhes supervisionasse o trabalho, chamava-lhes preguiçosas. Assim, para esta passagem, preguiçoso é aquele que trabalha apenas quando lhe é ordenado fazê-lo. Não tem proatividade, iniciativa. Por isso, mesmo, é, também, insipiente.

Conclui-se, portanto, que o valor primaz transmitido pela presente apóstrofe, presente nas escrituras, decorre não do fato de o preguiçoso não trabalhar, simplesmente, mas do fato de fazê-lo apenas sob supervisão.

Nesse sentido, o Espírito Santo nos chama para estarmos atentos ao que nos é devido fazer, de modo que não esperemos comandos externos para fazermos aquilo que já sabemos dever ser feito.

Como diz Joyce Mayer: [mesmo] "quando não sabemos o que fazer, façamos o que já sabemos fazer."

Este entendimento é necessário para que, à frente, falemos sobre o servo INÚTIL. Pois o preguiçoso e o inútil têm características semelhantes.



Deus É Fiel!



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