Salmo 23 - O SENHOR é o meu Pastor [Parte II]
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Salmo 23 - O SENHOR é o meu Pastor [Parte II]
Na Parte I do estudo deste salmo 23, trabalhamos a controvérsia que paira sobre a tradução do seu primeiro trecho. Nesta segunda parte, analisaremos os TRÊS diálogos nele inseridos.
Esses diálogos aos quais me refiro estão inseridos dentro de um discurso, no qual se percebe as três pessoas gramaticais: a primeira [Davi], que é a pessoa que fala; a segunda, que é a pessoa com quem se fala [ora terceiros, ora Deus]; e a terceira, que é a pessoa de quem se fala [Deus].
O Primeiro Diálogo
"O SENHOR é o meu Pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome." [Salmo 23.1-3]
Percebe-se, nitidamente, que, nesse primeiro diálogo, Davi estar a falar de Deus. Temos então já caracterizadas, pelo menos, duas pessoas do discurso: a primeira [Davi] e a terceira [Deus]. Para muitos isto não fica muito claro, pois o discurso é construído em cima do sujeito desinencial ELE [DEUS].
Assim, por o sujeito está oculto, não conseguimos, de pronto, identificar Deus nas afirmações. Mas devemos nos atentar que o verbo concorda o tempo todo, nesse primeiro diálogo, com a terceira pessoa do singular [ELE]. Por assim dizer, se reconstituirmos o texto, de modo a evidenciar o sujeito, ficará do seguinte modo:
O SENHOR é o meu Pastor, nada me faltará. ELE faz-me deitar em verdes pastos e guia-me mansamente a águas tranquilas. ELE refrigera a minha alma e guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome [do nome dEle]. [Salmo 23.1-3]
Agora ficou mais evidente a pessoa de quem se está falando. Assim, se são três as pessoas de um discurso e duas já estão identificadas [a 1.ª e a 3.ª], com quem Davi, então, estaria conversando? Davi poderia estar conversando com sua própria alma; poderia estar falando aos seus adversário que queriam ver a sua queda; ou poderia, mesmo, estar falando às circunstâncias.
Vamos conjecturar? Reconstruindo o salmo, podemos dizê-lo da seguinte forma: "Ó vocês todos, O SENHOR é o meu Pastor e por isso não sinto falta de coisa alguma. Ó vocês todos, entendam que ELE que me leva a verdes pastos e a aguas tranquilas, que também refrigera a minha alma e me guia em justiça..."
Lembra quando o salmista conversa com a sua alma, dizendo: "Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face." [Sl 42.5]? Pois é, no salmo 23 Davi também poderia estar se dirigindo a qualquer pessoa, inclusive a sua alma.
Assim, não tem sentido se falar de alguém ou de alguma coisa sem propósito ou ao vazio. Tudo tem um objetivo que precisa ser entendido.
Segundo Diálogo
"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque TU estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim, na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda." [Sl 23.5-6]
Percebe-se que neste segundo diálogo o verbo concorda na segunda pessoa do singular [TU], a pessoa com quem se fala, ou seja, Davi está falando diretamente a Deus. A atenção de Davi se volta para o próprio Deus. Ou seja, no primeiro diálogo ele deixou claro para quem quer que seja, que o seu Deus estava com ele viesse o que viesse.
Dada a resposta a quem interessasse, Davi, agora, no segundo diálogo, conversa com o próprio Deus. Se reconstruíssemos o salmo de forma a evidenciar a sua mensagem, escrevê-lo-íamos assim: "ó Deus, ainda que eu andasse pelo vale [...] eu não temeria, pois eu sei que TU estás comigo. Ó Deus, eu sei que Tu preparas uma mesa perante mim e unges a minha cabeça..."
Terceiro Diálogo
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias. [Sl 23.6]
Por fim, no terceiro diálogo, Davi evidencia a sua certeza de que Deus nunca o desamparará, deixando claro, a si e aos outros, que tem consigo a bondade e a misericórdia e que sua habitação é na casa de Deus.
A pessoa que fala continua a ser Davi; a pessoa com quem se fala pode ser qualquer um; e o conteúdo de que se fala são os benefício divinos.
Conclusão
Concluímos com este estudo que, por vezes, precisamos deixar claro àquilo ou àquele que nos rodeia que Deus é tudo que nos basta, como se pode ver pelo conteúdo do primeiro diálogo. porém, não adianta muita coisa deixar claro a terceiros o que professamos, quando nós mesmo não temos em nós tal certeza de profissão.
Por isso mesmo, como vimos no segundo diálogo, precisamos sempre manter o diálogo com Deus, de modo a preservar com Ele a intimidade de filho e, assim, deixarmos sólido em nós, principalmente, a certeza da nossa fé.
Por fim, devemos sempre repetir a nossa convicção, de modo que, assim, salvemos a nós mesmos e aos que nos ouvem. [1Tm 4.16]
Deus É Fiel!
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