O Pastor, após TI
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O Pastor, após TI
O título deste estudo é extraído
de uma oração do Profeta Jeremias, em que este pede misericórdia a Deus, pois os
seus inimigos estavam querendo destruí-lo, por causa das suas mensagens.
A oração é a seguinte:
[...] Sara-me, Senhor, e sararei; salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor. Eis que eles me dizem: Onde está a palavra do Senhor? Venha agora! Mas eu não me apressei em ser O PASTOR, APÓS TI; nem tampouco desejei o dia de aflição, tu o sabes; o que saiu dos meus lábios está diante de tua face. [Jr 17.14-16]
Antes de analisarmos o excerto
da oração, analisaremos o perfil do Profeta Jeremias, pois, para entendermos
perfeitamente o que ele está a dizer, precisamos entender que há, para este
BuM, pelo menos, dois perfis de profeta: o profeta vigia e
o profeta intercessor.
PERFIL 1 – O PROFETA VIGIA. É aquele que entrega a mensagem de juízo e
vigia sobre ela, para que se cumpra, isto é, vela pelo seu cumprimento; e
PERFIL 2 – O PROFETA INTERCESSOR. É aquele que entrega ou recebe a mensagem de juízo e, logo após recebê-la ou entregá-la, intercede a Deus para que este se arrependa do que prometera fazer.
Dos Profetas Vigias
Entre os profetas vigias, posso
apontar dois notórios neste ministério: Elias [vigiou para que a profecia
contra Acabe se cumprisse, de modo que Deus teve que explicá-lo que Acabe tinha
se arrependido, por isso o juízo não viria nos dias de Acabe] e Jonas [vigiou para
que o juízo se cumprisse sobre a cidade de Nínive].
Esses profetas são os que “se
apressam em ser o pastor, após Deus”. Ou seja, quando Deus diz que
vai fazer, eles esperam que Deus assim o faça.
A expressão “após Deus”, em outras traduções aparecem como “seguindo os
teus passos”, ou seja, Deus está caminhando e o profeta está atrás, pegando
junto com Deus.
É como quando Moisés disse:
"quem é dO SENHOR venha a mim. E todos os levitas se lhe ajuntaram." [Ex 32.26]
Dos Profetas Intercessores
São os de maior número nas
Escrituras, podemos citar, como tendo sido notórios neste ministério: Abraão,
Moisés, Davi, Jeremias e Amós [ver Amós 7].
Esses são os que “não se
apressam em ser o pastor, após Deus”, ou seja, são profetas que se põem como
mediadores entre o homem e Deus. Intercedem pelo arrependimento de Deus.
É como Abraão, que questionou a Deus, dizendo:
"Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra? " [Gn 18.25]
Ou como fez Amós, que disse:
"Senhor Deus, cessa, eu te peço; quem levantará a Jacó? pois é pequeno." [Am 7.5]
Estes são os Profetas que vão na direção oposta ao do juízo, pois em
seus corações a misericórdia vem primeiro.
Devemos entender, sobretudo, que nenhum profeta é totalmente Vigia, nem
totalmente Intercessor, pois qualquer deles conservam as duas características,
apenas o seu ministério será marcado pela predominância de uma dessas
características.
Assim, Elias era majoritariamente Vigia, Arauto, mas também era
Intercessor, já Jeremias era majoritariamente Intercessor, mas também
era Vigia.
O Ódio a Jeremias
Em outro momento, aprendemos que
a mensagem tem um dono, o emissor, sendo o mensageiro, na maioria das vezes,
apenas o seu portador. Vimos que, diante de mensagens desconfortantes, o seu
receptor nem sempre lidava com ela de modo pacífico, pelo contrário, procurava, em boa parte das vezes, matar o mensageiro que a trazia.
Jeremias estava enfrentando esta realidade; as suas mensagens eram, em sua maioria, condenatórias, repreensivas, mostrando a Israel sua falta para com Deus e as iminentes consequências delas advindas .
Muitos líderes, em vista das
sentenças e dos juízos transmitidos pela mensagem entregue por Jeremias,
procuraram encerrá-lo em cadeias ou, até mesmo, matá-lo. Não sendo poucas as
vezes que Jeremias respirou ameaças de morte ou sofrera violências e prisões.
Os líderes alegavam que as
mensagens de Jeremias não advinham de Deus, haja vista, também, outros homens,
também tidos por profetas, houvesse transmitido mensagens com conteúdo
reconfortante e pacífico. Alegavam ainda, que as mensagens estavam desanimando
o povo.
A Oração de Jeremias
É nesse
contexto de ameaça que Jeremias alça a sua voz a Deus, pois, além de estarem
desejando-lhe o mal, estavam, ainda, desacreditando de sua profecia. O
descrédito, por sua vez, era em decorrência da luta que Jeremias travava com
Deus, cuja finalidade era Deus não cumprir aquilo que tinha dito sobre Israel.
Porém O SENHOR já tinha dito a
Jeremias que “ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante dEle, não estaria a
sua alma com aquele povo”. [Jr 15.1a]
Porém essa é a característica do
Profeta Intercessor, ele peleja pelo povo, para que este não venha ser
rapidamente destruído pelos seus pecados. É como a parábola da figueira
infrutífera, que diz:
Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar. [Lc 13.6-9]
Ou seja, o vinhateiro, funcionário da vinha, não se apressou em arrancar a figueira pela ordem do proprietário, mas intercedeu junto a este pela permanência daquela. Jeremias esta como esse vinhateiro, intercedendo.
Jeremias estava como os quatro anjos em Apocalipse, que, sobre os quatro cantos
da terra, retinham os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse
sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma.
Jeremias intercedia e, porque intercedia, o cumprimento do juízo se demorava. Como consequência, muitos já o estavam tendo como falso profeta, pois diziam:
Onde está a palavra do Senhor? Venha agora!
Assim, não sabiam que a demora
do seu cumprimento era porque Jeremias não se apressava em arrancar a figueira
pela ordem dO SENHOR, ainda que Deus já o houvesse mandado lançar o povo de
diante de sua face, da face de Deus. [Jr 15.1b].
Não sabiam que era porque Jeremias não se apressara em ser o pastor após Deus, ou porque Jeremias, também não desejara o dia da aflição, pois sempre intercedia para que Deus se demovesse da sua vontade. Como ele mesmo diz:
[...] nem tampouco desejei o dia de aflição, tu o sabes.
Esse comportamento intercessório do profeta Jeremias marcou o seu ministério. Por isso o profeta Jeremias é tido como o "profeta chorão".
Conclusão
Não é porque o mensageiro tem
uma mensagem dura que ele a transmitirá com prazer ou por prazer. Jeremias
deixou claro que a sua vontade era que o povo se convertesse dos seus maus
caminhos, para que, assim, Deus pudesse se arrepender do mal que sobre o povo
houvesse ordenado.
Jeremias não quis que o que Deus
mandou-o entregar se cumprisse, apenas para que ele fosse confirmado por
profeta aos olhos dos homens, de modo a satisfazer os eu ego e ele encontrasse
respeito entre os homens.
[...] Lembra-te de que eu compareci à tua presença, para falar a favor deles, e para desviar deles a tua indignação [...] [Jr 18.20]
Deus É Fiel!
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