Deus Ama ao Pecador?
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Deus Ama ao Pecador?
O pecador é
aquele que ama ao pecado e vive em sua prática. É aquele que não tem respeito
ao sagrado e, assim, comete heresia, sacrilégio. A estes Deus os ama? É aquele
que tem a natureza degenerada, que vive sob a lei do pecado e recusa o
sacrifício vicário, tendo tido contato com este.
Pecador é apenas uma denominação
genérica a todo aquele que se encontra afastado de Deus e debaixo da sua ira.
Como, pois, estando debaixo da ira de Deus, o pecador pode ter, ao mesmo tempo,
o seu amor, o amor de Deus? A resposta é, não pode.
Como, então, ouvimos repetidas
vezes se falar: “Deus ama ao pecador, mas aborrece ao pecado!”? Tal
declaração carece de fundamento nas Escrituras: Deus odeia tanto ao pecado e ao
pecador! e graças a Deus muitas pessoas já abriram os seus olhos quanto a este falso bordão. Temos que entender que, ou
Deus ama, ou Deus odeia. Se Deus ama, não odeia, se odeia, não ama.
O pecado não é um fim em si
mesmo, não existe pecado sem pecador, mas, em o pecador se convertendo, o
pecado, para ele, deixa de existir. Não existe pecado por pecado, o pecado não
tem existência própria, mas o pecado é viabilizado por uma atitude, geralmente,
consciente e maligna de seu praticante, cujo objetivo é ofender a Deus.
Não é o pecado que cria o
pecador, mas o pecador que cria o pecado, acrescentando pecado sobre pecado.
Por isso o ódio vindo de Deus recai sobre ele. Deus não tem como
punir o pecado, mas pune ao pecador.
Mas Deus tem ódio, Deus tem ira?
Claro que sim.
Não erreis: Deus não se deixa escarnecer. [Gl 6.7a]
O Ódio Vindo de Deus
As Escrituras nos Dirá:
...Amei a Jacó e Odiei a Esaú [...] [Ml 1.2-3]
Além de ter odiado a Esaú, O
SENHOR ainda acrescenta, dizendo que Esaú é “povo contra quem O SENHOR
está irado para sempre”. [Ml 1.4] E por que Deus odiou a Esaú?
Porque, como está escrito, Esaú foi devasso e profano. [Hb 12.16]
Também, no Salmo 2.12, temos:
Beijai ao Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira; bem-aventurados todos aqueles que nele confiam.
É um comando para que se beije ao Filho, isto é, que se lhe dê a devida honra, quando não, a Ira de Deus se acenderá e recairá sobre os filhos da desonra.
Pelo que, o Evangelho segundo
João, cap. 3, v36, nos dirá também o seguinte: Aquele que crê no Filho tem a
vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas
a ira de Deus sobre ele permanece.
Ora, aquele que não beija ao
Filho, que não o crê, tem sobre si a IRA de Deus,
pois está na condição de pecador. A ira, por sua vez, traz à vingança, a
vingança à destruição.
Em uma enumeração, apenas
exemplificativa, pois não se tem como enumerar todo tipo de pecado, O Espírito
Santo vai dizer, em Provérbios 6.16-19: Estas seis coisas O SENHOR odeia,
e a sétima a sua alma abomina:
- Olhos altivos;
- língua mentirosa;
- mãos que derramam sangue inocente;
- O coração que maquina pensamentos perversos;
- pés que se apressam a correr para o mal;
- A testemunha falsa que profere mentiras; e
- aquele que semeia contendas entre irmãos.
Aquele que crê tratar-se do ódio
de Deus aos órgãos e partes do corpo humano [OLHOS, LÍNGUA, MÃOS, CORAÇÃO, PÉS] está
sendo, no mínimo, ingênuo.
Porventura estar-se-ia falando
da língua, na condição de órgão do corpo humano, quando o salmista
dos Degraus [Sl 120.3] lhe dirige a seguinte apóstrofe: Que te será dado, ou
que te será acrescentado, LÍNGUA enganadora?
Ou estaria ele se referindo à pessoa [ou pessoas] que se utilizam da língua
para enganar?
Os lábios mentirosos,
a língua enganadora, os pés que se apressam a
derramar sangue, e tantos outros, são apenas formas de expressão, alcunhas,
para se referir à pessoa que anda com a prática dessas abominações.
Por isso mesmo, muitos
salmistas, pelo Espírito Santo, informam odiar àqueles que
tais coisas praticam [Ex.: Sl 139.21; Sl 31.6]. Tais indignações levam ao
desejo de agir para destruição dos agentes do pecado [os seus praticantes],
como ocorre na manifestação do pensamento de Davi, no Salmo 101.
Onde está, então, que Deus
ama ao pecador? Em canto nenhum.
A Tolerância ao Pecador
É sabido, porém, que o pecador é
apenas tolerado por Deus, por um tempo necessário, até
ao tempo da perdição ou até que venha ao arrependimento, pois Deus não tem
prazer na morte do pecador [Ez 33.11].
O pecador é o vaso da ira [Rm
9.22], é sobre quem a ira de Deus repousa, assim, sobre o pecador não há a
sobreposição do amor, mas sim da ira.
O fato de as Escrituras se
utilizar de algumas alcunhas para se referirem aos pecadores, como por exemplo:
lábios mentirosos [pessoa mentirosa]; pés que se apressam a derramar sangue
[assassino]; violadores [estupradores], não atenua a Ira de Deus.
O próprio mensageiro do
mal é referido nas Escrituras por suas alcunhas. A Segunda Carta aos
Tessalonicenses [2.3] fala em o homem do pecado [o
filho da perdição].
Estas são algumas das alcunhas
pelos quais a antiga serpente é conhecida, sendo também
conhecida como satanás [adversário] ou diabo [acusador].
Este é o opositor, como está escrito:
O qual se opõe, e se levanta
contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como
Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. [2Ts 2.4]
Muitos são as alcunhas pelas
quais o pai da mentira responde. Não que estas sejam o seu
nome de batismo, mas apenas revelam parte de sua natureza ou remete a um fato a
que ele esteja ligado, por exemplo, quando se fala da antiga serpente,
está-se a ligá-lo à tentação no Jardim.
Em que pese muitos o
denominarem Lúcifer, o seu nome de batismo não é referenciado nas
Escrituras, mas tanto lúcifer quanto as demais referenciações não passam de
agnomes, de alcunhas, que o príncipe das trevas vai somando a
si ao longo do tempo.
Mas o que é a Ira?
A IRA é
sentimento de ódio a algo ou alguém pelo que este é ou faz de modo contumaz e
impenitente. A contumácia se revela na repetição obstinada e a impenitência se
revela na falta de quebrantamento, na dureza da cerviz, na dureza do coração.
Assim, a ira manifestada por
Deus recai sobre a prática reiterada da injustiça, portanto,
pressupõe, da parte de Deus, um juízo, um desejo ardente por se reestabelecer a
justiça.
Num mesmo coração não há espaço
para dois sentimentos tão contrapostos como o AMOR e
o ÓDIO [Ira Permanente]. Assim, não há como Deus odiar alguém, isto é,
estar irado permanentemente contra alguém, e, ao mesmo tempo, amá-lo, pois são
sentimentos que não se coadunam, são infensos um ao outro.
Não se trata, aqui, da limitação
à plenipotência divina, nem da limitação à capacidade de Deus para cultivar
ambos os sentimentos [amor e ira/ódio] para com a mesma pessoa, mas sim da
incapacidade desses sentimentos de se tolerarem, ou seja, um não tolera ao
outro, são extremos, são divergentes, são imiscíveis.
Semelhantemente ao que ocorre
com a luz e as trevas, o que impossibilita a coexistência das duas é a
incompatibilidade de suas naturezas, o problema, então, reside no campo da
natureza das coisas.
Visto isto, temos que o ódio
generalizado é a ausência do amor [1Jo 4.20], assim como as trevas
generalizadas é a ausência da luz [Deus É Luz e nEle não há trevas algumas]
[1Jo 1.5]. Sendo assim, se um é a ausência do outro, logo a presença do outro é
a ausência do um.
Quando falamos da Ira Permanente
ou do Ódio Generalizado, sentimentos equivalentes, lembramos do clássico
exemplo de Esaú [Edom] [que é povo contra quem o senhor está irado para sempre
(Ml 1.4)], que fora odiado por Deus, devido a seu coração haver desprezo pelas
coisas perenes, isto é, pelas coisas que permanecem.
A Ira Pontual e A Ira Permanente
Se uma coisa é a ira permanente, outra coisa é a IRA PONTUAL de Deus, aquela manifestada contra algo ou alguém de modo bastante específico e limitado, limitação cujo freio é o amor. Ex.:
- Deus se irou contra Moisés, pois demorava a se submeter ao ‘ide’ de Deus, ao comando para descer e libertar o povo de Deus. Esta ira recaía sobre uma atitude de resistência à vontade divina.
- Deus se irou contra Israel, quando, no deserto, construiu um bezerro de ouro, mas não extinguiu a Israel de todo;
- Deus se irou contra Davi, quando este enumerara o povo por incitação de satanás, mas depois se arrependeu e disse: basta;
- Deus, por um tempo, esteve irado com Saulo, e com muitos [nós] que demoraram a vir à Luz, por isso mesmo, éramos por natureza, filhos da ira [Ef 2:3]. É como diz o salmista: Antes de ser afligido andava errado, mas agora tenho guardado a tua palavra. [Sl 119.67]
Essa ira pontual é a ira da correção, é uma indignação que recai, agora, apenas contra a atitude. Ela [a ira pontual] é acompanhada da TERNURA. Não é como aquela dispensada sobre os filhos de Eli, pois ali Deus os queria matar.
A ternura impede que a ira seja levada a cabo com
a morte do provocador; a ternura é um sentimento de maviosidade.
A MAVIOSIDADE, por sua vez, é
sentimento de brandura, tendo como maior expositor deste sentimento o cuidado
da mãe expressado para com seu filho, pois, ainda que o aflija, não o faz com
intenção de destruição; é o sentimento expresso no se dobrar da mãe ao atender
a dor de um filho; é a atitude de descer até a altura do filho para entender
melhor o que se passa.
Assim, então como a mãe se
inclina ao filho, Deus é Aquele que “se INCLINA, para ver
o que está nos céus e na terra!” [Sl 113.6] e não apenas aquele
que se inclina, mas também aquele que levanta o nosso rosto e diz: não temais.
Da parte de Deus, podemos ver a
ternura nitidamente em duas passagens: a primeira no estabelecimento da bênção
sacerdotal:
O SENHOR te abençoes e te
guarde; O SENHOR faça resplandecer o Seu Rosto sobre ti e tenha misericórdia de
ti; O SENHOR sobre ti LEVANTE o teu
rosto e te dê a paz! [Dt 6.24-26]
A segunda, quando Jesus conforta
aos discípulos após serem repreendido por Deus, no monte da transfiguração: E,
aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e
não tenhais medo. [Mt 17.7] A atitude de Jesus, nesse caso, se assemelha a de
uma leoa que se interpõe entre o Leão e o seu filhote, que está prestes a ser
repreendido por extrapolar nas brincadeiras.
Quando Deus corrige, ainda que
em ira, um filho, não o faz com a intenção de o matar, mas objetiva, tão
somente, com a disciplina, que o filho mude de atitude.
A ira pontual não afasta o amor,
pois ela não traz consigo o ódio, diferente da ira permanente,
que é a ira que vai até ao fim e é levada a cabo com a
vingança divina, passa, assim, de uma mera indignação, devido à iniquidade que
se achara após o coração ser sondado por Deus. A sentença da ira permanente não
recai sobre a atitude, mas sobre a própria pessoa provocadora da ira, do ódio.
O filho do amor que porventura
esteja errado, em seu coração, erra por ignorância. O filho do pecado erra por
vontade de pecar. Estes últimos são aqueles que Deus entregara às suas próprias
concupiscências [vontades corrompidas] [Rm 1.24].
Já nós, os filhos da luz, não
devemos pecar, pois quem é de Deus não peca, mas se pecarmos, temos um [terno]
advogado [1Jo 2.1]
O filho da misericórdia se
difere do filho das trevas, então, pelo elemento desejo. O filho da
luz não tem desejo pelo pecado, nem nele encontra prazer. O filho da ira sim,
tem desejo para pecar e prazer em pecar.
A Morada da Vontade
A vontade reside
no coração [elemento volitivo, lugar dos desejos (alma + espírito)], cuja
atitude pode se externar de várias maneiras [palavras, gestos, omissões].
As atitudes, por sua
vez, são conhecidas por ‘mãos’. Mão limpa é igual a atitude limpa, mão
suja é igual a atitude suja.
Pergunta: Quem subirá ao monte
do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Resposta [parte dela]: Aquele que é limpo de mãos e puro
de coração. [Sl 24.3-4]
Aquele que é limpo de mãos
[revela as atitudes gerais do homem] e puro de coração [cujo interior é sincero
para com a verdade], revela a morada dos desejos. Quando Jesus disse de
Natanael: “Eis aqui um verdadeiro Israelita, em quem não há dolo.” [Jo 1.47]
Jesus estava a revelar o seu coração.
Deus sabia que as más atitudes
de faraó decorriam de seu coração pervertido, por isso mesmo, as pragas serviam
para macerar ainda mais o coração de faraó: "Porque esta vez enviarei
todas as minhas pragas sobre o teu CORAÇÃO.” [Ex 9.14
(Almeida Corrigida Fiel)]
“Mas, deveras, para isto te
mantive, para mostrar meu poder em ti, e para que o meu nome seja anunciado em
toda a terra.” [Ex 9.16]
Assim, comprovamos que a ira de
Deus sobre o pecador recai sobre este, no coração deste.
Por fim, entendemos que Deus
nem, ao menos, ouve aos pecadores, suas orações não são conhecidas de Deus. [Jo
9.31] Davi diz que os seus inimigos clamaram por livramento, clamaram até aO
SENHOR, mas Ele não lhes respondeu. [Sl 18.41]
Conclusão
Devemos entender, contudo, que
Deus não odeia o pecado e o pecador, por escolha, mas o mal é rechaçado por
Deus por causa da natureza divergente de ambos. Como está escrito: Tu [Deus] és
tão santo que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar. [Hb
1.13a]
Deus não escolhe punir ao
pecador, assim como nossos anticorpos não escolhe ao corpo estranho que deve
combater. É como um mecanismo de defesa que, se o pecado se lhe apresenta à
face, se lança sobre o mal. É como um gongo que, ao ser tocado, se encaracola.
A Sabedoria diz: amo aos que me amam [...] [Pv 8.17]. A Sabedoria é
Jesus. [1Co 1.24] Vê-se, aqui, assim, uma reciprocidade, a mesma reciprocidade
que se vê na declaração: com o puro de mostrarás puro; e com o perverso te
mostrarás indomável. [Sl 18.26].
E, se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador? [1Pe 4.18]
Deus não ama ao pecador!!! Deseja, por
outro lado, que se converta do seu caminho, e viva.
Fira-me o justo, será isso uma benignidade; e repreenda-me, será um excelente óleo, que não me quebrará a cabeça; pois a minha oração também ainda continuará nas suas próprias calamidades. Salmos 141:5
Deus É Fiel!
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