Os Pensamentos e Caminhos de Deus

Os Pensamentos e Caminhos de Deus É comum ouvirmos pessoas evangélicas se dirigirem a Deus com as seguintes palavras: "seus caminhos são maiores que os meus, e seus pensamentos são melhores do que os meus". Todos que se dirigem assim a Deus, ao que parece, tem por base uma única passagem da bíblia, a saber: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos , nem os vossos caminhos os meus caminhos , diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. [Is 55.8-9] Mas será que isto está evangelicamente correto? Será que esta mensagem é dirigida aos filhos de Deus? Já, em eu vos questionar, vos incito a voltar ao texto e, se fizerdes uma leitura mais detida, percebereis que a resposta é NÃO . Se a resposta à pergunta acima posta é não , podemos afirmar, então, que os pensamentos e caminhos dos filhos de Deus são iguais aos p...

Deus Ama ao Pecador?

Deus Ama ao Pecador?

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O pecador é aquele que ama ao pecado e vive em sua prática. É aquele que não tem respeito ao sagrado e, assim, comete heresia, sacrilégio. A estes Deus os ama? É aquele que tem a natureza degenerada, que vive sob a lei do pecado e recusa o sacrifício vicário, tendo tido contato com este.

Pecador é apenas uma denominação genérica a todo aquele que se encontra afastado de Deus e debaixo da sua ira. Como, pois, estando debaixo da ira de Deus, o pecador pode ter, ao mesmo tempo, o seu amor, o amor de Deus? A resposta é, não pode.

Como, então, ouvimos repetidas vezes se falar: “Deus ama ao pecador, mas aborrece ao pecado!”? Tal declaração carece de fundamento nas Escrituras: Deus odeia tanto ao pecado e ao pecador! e graças a Deus muitas pessoas já abriram os seus olhos quanto a este falso bordão. Temos que entender que, ou Deus ama, ou Deus odeia. Se Deus ama, não odeia, se odeia, não ama. 

O pecado não é um fim em si mesmo, não existe pecado sem pecador, mas, em o pecador se convertendo, o pecado, para ele, deixa de existir. Não existe pecado por pecado, o pecado não tem existência própria, mas o pecado é viabilizado por uma atitude, geralmente, consciente e maligna de seu praticante, cujo objetivo é ofender a Deus.

Não é o pecado que cria o pecador, mas o pecador que cria o pecado, acrescentando pecado sobre pecado. Por isso o ódio vindo de Deus recai sobre ele. Deus não tem como punir o pecado, mas pune ao pecador.

Mas Deus tem ódio, Deus tem ira? Claro que sim. 

Não erreis: Deus não se deixa escarnecer. [Gl 6.7a]

O Ódio Vindo de Deus

As Escrituras nos Dirá: 

...Amei a Jacó e Odiei a Esaú [...] [Ml 1.2-3]

Além de ter odiado a Esaú, O SENHOR ainda acrescenta, dizendo que Esaú é “povo contra quem O SENHOR está irado para sempre. [Ml 1.4] E por que Deus odiou a Esaú? Porque, como está escrito, Esaú foi devasso e profano. [Hb 12.16]

Também, no Salmo 2.12, temos: 

Beijai ao Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira; bem-aventurados todos aqueles que nele confiam.

É um comando para que se beije ao Filho, isto é, que se lhe dê a devida honra, quando não, a Ira de Deus se acenderá e recairá sobre os filhos da desonra.

Pelo que, o Evangelho segundo João, cap. 3, v36, nos dirá também o seguinte: Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.

Ora, aquele que não beija ao Filho, que não o crê, tem sobre si IRA de Deus, pois está na condição de pecador. A ira, por sua vez, traz à vingança, a vingança à destruição.

Em uma enumeração, apenas exemplificativa, pois não se tem como enumerar todo tipo de pecado, O Espírito Santo vai dizer, em Provérbios 6.16-19: Estas seis coisas O SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina

  1. Olhos altivos;
  2. língua mentirosa; 
  3. mãos que derramam sangue inocente;
  4. coração que maquina pensamentos perversos;
  5. pés que se apressam a correr para o mal;
  6. testemunha falsa que profere mentiras; e
  7. aquele que semeia contendas entre irmãos

Aquele que crê tratar-se do ódio de Deus aos órgãos e partes do corpo humano [OLHOSLÍNGUAMÃOSCORAÇÃOPÉS] está sendo, no mínimo, ingênuo. 

Porventura estar-se-ia falando da língua, na condição de órgão do corpo humano, quando o salmista dos Degraus [Sl 120.3] lhe dirige a seguinte apóstrofe: Que te será dado, ou que te será acrescentado, LÍNGUA enganadora? Ou estaria ele se referindo à pessoa [ou pessoas] que se utilizam da língua para enganar?

Os lábios mentirosos, a língua enganadora, os pés que se apressam a derramar sangue, e tantos outros, são apenas formas de expressão, alcunhas, para se referir à pessoa que anda com a prática dessas abominações.

Por isso mesmo, muitos salmistas, pelo Espírito Santo, informam odiar àqueles que tais coisas praticam [Ex.: Sl 139.21; Sl 31.6]. Tais indignações levam ao desejo de agir para destruição dos agentes do pecado [os seus praticantes], como ocorre na manifestação do pensamento de Davi, no Salmo 101.

Onde está, então, que Deus ama ao pecador? Em canto nenhum.

A Tolerância ao Pecador

É sabido, porém, que o pecador é apenas tolerado por Deus, por um tempo necessário, até ao tempo da perdição ou até que venha ao arrependimento, pois Deus não tem prazer na morte do pecador [Ez 33.11].

O pecador é o vaso da ira [Rm 9.22], é sobre quem a ira de Deus repousa, assim, sobre o pecador não há a sobreposição do amor, mas sim da ira.

O fato de as Escrituras se utilizar de algumas alcunhas para se referirem aos pecadores, como por exemplo: lábios mentirosos [pessoa mentirosa]; pés que se apressam a derramar sangue [assassino]; violadores [estupradores], não atenua a Ira de Deus.

O próprio mensageiro do mal é referido nas Escrituras por suas alcunhas. A Segunda Carta aos Tessalonicenses [2.3] fala em o homem do pecado [o filho da perdição].

Estas são algumas das alcunhas pelos quais a antiga serpente é conhecida, sendo também conhecida como satanás [adversário] ou diabo [acusador]. Este é o opositor, como está escrito: 

O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. [2Ts 2.4]

Muitos são as alcunhas pelas quais o pai da mentira responde. Não que estas sejam o seu nome de batismo, mas apenas revelam parte de sua natureza ou remete a um fato a que ele esteja ligado, por exemplo, quando se fala da antiga serpente, está-se a ligá-lo à tentação no Jardim.  

Em que pese muitos o denominarem Lúcifer, o seu nome de batismo não é referenciado nas Escrituras, mas tanto lúcifer quanto as demais referenciações não passam de agnomes, de alcunhas, que o príncipe das trevas vai somando a si ao longo do tempo.

Mas o que é a Ira?

IRA é sentimento de ódio a algo ou alguém pelo que este é ou faz de modo contumaz e impenitente. A contumácia se revela na repetição obstinada e a impenitência se revela na falta de quebrantamento, na dureza da cerviz, na dureza do coração.

Assim, a ira manifestada por Deus recai sobre a prática reiterada da injustiça, portanto, pressupõe, da parte de Deus, um juízo, um desejo ardente por se reestabelecer a justiça.

Num mesmo coração não há espaço para dois sentimentos tão contrapostos como o AMOR e o ÓDIO [Ira Permanente]. Assim, não há como Deus odiar alguém, isto é, estar irado permanentemente contra alguém, e, ao mesmo tempo, amá-lo, pois são sentimentos que não se coadunam, são infensos um ao outro. 

Não se trata, aqui, da limitação à plenipotência divina, nem da limitação à capacidade de Deus para cultivar ambos os sentimentos [amor e ira/ódio] para com a mesma pessoa, mas sim da incapacidade desses sentimentos de se tolerarem, ou seja, um não tolera ao outro, são extremos, são divergentes, são imiscíveis.

Semelhantemente ao que ocorre com a luz e as trevas, o que impossibilita a coexistência das duas é a incompatibilidade de suas naturezas, o problema, então, reside no campo da natureza das coisas. 

Visto isto, temos que o ódio generalizado é a ausência do amor [1Jo 4.20], assim como as trevas generalizadas é a ausência da luz [Deus É Luz e nEle não há trevas algumas] [1Jo 1.5]. Sendo assim, se um é a ausência do outro, logo a presença do outro é a ausência do um.

Quando falamos da Ira Permanente ou do Ódio Generalizado, sentimentos equivalentes, lembramos do clássico exemplo de Esaú [Edom] [que é povo contra quem o senhor está irado para sempre (Ml 1.4)], que fora odiado por Deus, devido a seu coração haver desprezo pelas coisas perenes, isto é, pelas coisas que permanecem.

A Ira Pontual e A Ira Permanente

Se uma coisa é a ira permanente, outra coisa é a IRA PONTUAL de Deus, aquela manifestada contra algo ou alguém de modo bastante específico e limitado, limitação cujo freio é o amor. Ex.:

  1. Deus se irou contra Moisés, pois demorava a se submeter ao ‘ide’ de Deus, ao comando para descer e libertar o povo de Deus. Esta ira recaía sobre uma atitude de resistência à vontade divina.
  2. Deus se irou contra Israel, quando, no deserto, construiu um bezerro de ouro, mas não extinguiu a Israel de todo;
  3. Deus se irou contra Davi, quando este enumerara o povo por incitação de satanás, mas depois se arrependeu e disse: basta;
  4. Deus, por um tempo, esteve irado com Saulo, e com muitos [nós] que demoraram a vir à Luz, por isso mesmo, éramos por natureza, filhos da ira [Ef 2:3]. É como diz o salmista: Antes de ser afligido andava errado, mas agora tenho guardado a tua palavra. [Sl 119.67]

Essa ira pontual é a ira da correção, é uma indignação que recai, agora, apenas contra a atitude. Ela [a ira pontual] é acompanhada da TERNURA. Não é como aquela dispensada sobre os filhos de Eli, pois ali Deus os queria matar. 

ternura impede que a ira seja levada a cabo com a morte do provocador; a ternura é um sentimento de maviosidade

MAVIOSIDADE, por sua vez, é sentimento de brandura, tendo como maior expositor deste sentimento o cuidado da mãe expressado para com seu filho, pois, ainda que o aflija, não o faz com intenção de destruição; é o sentimento expresso no se dobrar da mãe ao atender a dor de um filho; é a atitude de descer até a altura do filho para entender melhor o que se passa. 

Assim, então como a mãe se inclina ao filho, Deus é Aquele que “se INCLINA, para ver o que está nos céus e na terra!” [Sl 113.6] e não apenas aquele que se inclina, mas também aquele que levanta o nosso rosto e diz: não temais.

Da parte de Deus, podemos ver a ternura nitidamente em duas passagens: a primeira no estabelecimento da bênção sacerdotal: 

O SENHOR te abençoes e te guarde; O SENHOR faça resplandecer o Seu Rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; O SENHOR sobre ti LEVANTE o teu rosto e te dê a paz! [Dt 6.24-26] 

A segunda, quando Jesus conforta aos discípulos após serem repreendido por Deus, no monte da transfiguração: E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo. [Mt 17.7] A atitude de Jesus, nesse caso, se assemelha a de uma leoa que se interpõe entre o Leão e o seu filhote, que está prestes a ser repreendido por extrapolar nas brincadeiras.

Quando Deus corrige, ainda que em ira, um filho, não o faz com a intenção de o matar, mas objetiva, tão somente, com a disciplina, que o filho mude de atitude.

A ira pontual não afasta o amor, pois ela não traz consigo o ódio, diferente da ira permanente, que é a ira que vai até ao fim e é levada a cabo com a vingança divina, passa, assim, de uma mera indignação, devido à iniquidade que se achara após o coração ser sondado por Deus. A sentença da ira permanente não recai sobre a atitude, mas sobre a própria pessoa provocadora da ira, do ódio.

O filho do amor que porventura esteja errado, em seu coração, erra por ignorância. O filho do pecado erra por vontade de pecar. Estes últimos são aqueles que Deus entregara às suas próprias concupiscências [vontades corrompidas] [Rm 1.24].

Já nós, os filhos da luz, não devemos pecar, pois quem é de Deus não peca, mas se pecarmos, temos um [terno] advogado [1Jo 2.1]

O filho da misericórdia se difere do filho das trevas, então, pelo elemento desejo. O filho da luz não tem desejo pelo pecado, nem nele encontra prazer. O filho da ira sim, tem desejo para pecar e prazer em pecar.

A Morada da Vontade

vontade reside no coração [elemento volitivo, lugar dos desejos (alma + espírito)], cuja atitude pode se externar de várias maneiras [palavras, gestos, omissões].

As atitudes, por sua vez, são conhecidas por ‘mãos’. Mão limpa é igual a atitude limpa, mão suja é igual a atitude suja.

Pergunta: Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Resposta [parte dela]: Aquele que é limpo de mãos e puro de coração. [Sl 24.3-4]

Aquele que é limpo de mãos [revela as atitudes gerais do homem] e puro de coração [cujo interior é sincero para com a verdade], revela a morada dos desejos. Quando Jesus disse de Natanael: “Eis aqui um verdadeiro Israelita, em quem não há dolo.” [Jo 1.47] Jesus estava a revelar o seu coração.

Deus sabia que as más atitudes de faraó decorriam de seu coração pervertido, por isso mesmo, as pragas serviam para macerar ainda mais o coração de faraó: "Porque esta vez enviarei todas as minhas pragas sobre o teu CORAÇÃO.” [Ex 9.14 (Almeida Corrigida Fiel)]

“Mas, deveras, para isto te mantive, para mostrar meu poder em ti, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra.” [Ex 9.16]

Assim, comprovamos que a ira de Deus sobre o pecador recai sobre este, no coração deste.

Por fim, entendemos que Deus nem, ao menos, ouve aos pecadores, suas orações não são conhecidas de Deus. [Jo 9.31] Davi diz que os seus inimigos clamaram por livramento, clamaram até aO SENHOR, mas Ele não lhes respondeu. [Sl 18.41]

Conclusão

Devemos entender, contudo, que Deus não odeia o pecado e o pecador, por escolha, mas o mal é rechaçado por Deus por causa da natureza divergente de ambos. Como está escrito: Tu [Deus] és tão santo que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar. [Hb 1.13a]

Deus não escolhe punir ao pecador, assim como nossos anticorpos não escolhe ao corpo estranho que deve combater. É como um mecanismo de defesa que, se o pecado se lhe apresenta à face, se lança sobre o mal. É como um gongo que, ao ser tocado, se encaracola.

A Sabedoria diz: amo aos que me amam [...] [Pv 8.17]. A Sabedoria é Jesus. [1Co 1.24] Vê-se, aqui, assim, uma reciprocidade, a mesma reciprocidade que se vê na declaração: com o puro de mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomável. [Sl 18.26].

E, se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador? [1Pe 4.18]

Deus não ama ao pecador!!! Deseja, por outro lado, que se converta do seu caminho, e viva.

Fira-me o justo, será isso uma benignidade; e repreenda-me, será um excelente óleo, que não me quebrará a cabeça; pois a minha oração também ainda continuará nas suas próprias calamidades. Salmos 141:5



Deus É Fiel!


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