Salmo 23 - O SENHOR é o meu Pastor [Parte I]
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Salmo 23 - O SENHOR é o meu Pastor [Parte I]
Este é um salmo de Davi, um dos salmos mais conhecidos pelo homem, cristão ou não. Podendo se ousar dizer que seja o mais conhecido por todos.
Este salmo será analisado por este BuM se dará em duas partes. Na primeira analisaremos a controvérsia que paira sobre a tradução do primeiro versículo, na Parte II analisaremos os três diálogos nele desenvolvidos.
PARTE I
Da Controvérsia
Há uma controvérsia quanto à forma correta da tradução da primeira parte do salmo:
O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
Afirma-se que no texto base [no hebraico] não existe a expressão "nada me faltará". Essa parte, então, no hebraico, estaria assim: O SENHOR é o meu pastor, não faltará.
Porém, como se verá, tal debate é bom para nível acadêmico, mas o sentido do salmo não é alterado, quer pela adoção de uma, quer pela adoção de outra tradução.
Analisando apenas esta primeira parte de forma isolada das demais, conclui-se que, no texto hebraico [não faltará], a expressão foca na pessoa de Deus, enquanto no texto traduzido [nada me faltará] o foco está nas coisas que Deus pode dar ou pode fazer.
Porém, quando se analisa a passagem desta primeira parte com todo o resto do salmo, vê-se que o salmista está contente com a presença de Deus, o seu Pastor, pois, adiante, no verso 4, ele vai dizer: porque Tu estás comigo. Assim, o salmista nunca pôs sua confiança em outra coisa além da presença ou companhia do seu Pastor, Deus.
Se, como se sabe, o sentido da palavra é determinado pelo contexto no qual está inserida, o correto entendimento da expressão "nada me faltará" é: não terei ou não sentirei falta de coisa alguma. Ex.: O SENHOR é o meu Pastor, de nada sentirei falta.
Isso muda a forma como percebemos o verbo "FALTAR".
Para entendermos melhor o que se está a dizer e como se dá a falta em determinada pessoa, precisamos entender o funcionamento desta, o que nos levará a entender melhor o que o salmista está a dizer. Temos então o seguinte:
- Toda falta surge pela necessidade de determinada coisa, o elemento supridor da necessidade;
- Surgida a necessidade do elemento supridor e havendo elemento disponível, a falta será sanada;
- Não havendo elemento supridor disponível, a falta prevalecerá.
Outra coisa de que se precisa saber: a falta pode surgir de uma necessidade fisiológica ou de uma necessidade anímica, isto é, de um desejo [elemento volitivo]. Em qualquer dos casos [necessidade fisiológica ou anímica], a satisfação se dá pela presença ou aquisição do elemento supridor.
Da Necessidade
Necessidade Fisiológica
Exemplifiquemos. Quando se sente fome, sente-se a necessidade de se alimentar. A falta de comida leva à fome, que, por sua vez, é o sinal que o organismo transmite da necessidade de se alimentar. Quando se tem sede, há a necessidade de se beber água.
A necessidade é diferente da falta [ausência]. Quando o organismo sente necessidade de se alimentar, o primeiro passo tomado pelo faminto é preparar o alimento para se comer. O alimento, aqui, é o elemento supridor. O preparo não ocorrerá se não houver alimento, isto é, se houver falta de alimento. A necessidade, então, não será atendida.
Necessidade Anímica ou Volitiva
A falta pode surgir, também, não por uma necessidade fisiológica, mas por um desejo que se opera na alma, como uma saudade pela falta de alguém, ou um desejo de determinada conquista, enfim.
O suprimento da falta leva ao contentamento, à satisfação da necessidade.
Do Contentamento pela Ausência de Desejo
A ausência do sentimento de falta, o "nada me faltará", ocorre, também, pela ausência de desejo. A pessoa que não deseja coisas elevadas não as tem por necessárias, logo, não sente sua falta. O que se aplica, sobretudo, pelas necessidades de satisfação pessoal. Para se entender melhor o que se diz, temos o salmo 131, onde o salmista diz:
SENHOR [...] não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim [...]. Certamente que me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada.
Percebe-se que este salmista diz que não tem desejado [se exercitado em] coisas elevadas, por isso mesmo, não tem sentido falta, pois, como uma criança recém-amamentada está satisfeita, assim ele está satisfeito, ou seja, contente.
Esse sentimento de contentamento e plenitude é o transmitido pelo salmista neste excelentíssimo salmo 23, quando diz: O SENHOR é o meu Pastor, nada me faltará; ou não faltará; ou de nada sentirei falta.
Conclusão
Assim, quer prevaleça a expressão "nada me faltará" ou a expressão "não faltará", o que Davi estava querendo dizer que o fato de Deus estar com ele o deixava contente, de modo que Davi não sentia falta de algo nem desejava coisa alguma, ou seja, nada lhe faltava.
Também revela o fato de que o seu Pastor não faltaria, ou seja, ainda que as coisas lhe faltassem, o Pastor estaria presente, bem como, ainda que a necessidade viesse, o pastor não faltaria com o seu dever de supridor.
Assim, a presença de Deus não revela apenas o Deus companheiro, mas também o Deus supridor, o Jeová Jiré, pois Deus conhece as nossas necessidades e está pronto para atendê-las.
Por isso mesmo, precisamos entender que os doutos homens de Deus, quando da interpretação bíblia, realizaram suas atividades sob supervisão e conselho, de modo que, devemos sempre partir para a leitura pela confiança e não pela desconfiança.
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Há outras análises sobre a controvérsia em questão, como no elo que segue:
https://www.gospelprime.com.br/voce-interpretou-o-salmo-23-de-maneira-errada/
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Na Parte II da análise deste riquíssimo salmo, analisaremos os três diálogos:
- Diálogo 1 - o salmista fala de Deus;
- Diálogo 2 - o salmista fala com Deus;
- Diálogo 3 - o salmista fala consigo mesmo, em conclusão ao entendimento do que é a pessoa de Deus para ele.
Deus É Fiel!
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